O envelhecimento da população, resultado da melhoria das condições de saúde, sociais e de vida, tornou-se uma realidade e, a questão que se levanta, é se o sistema social e de saúde acompanharam este fenómeno – o envelhecimento demográfico.
Em consequência da maior longevidade das pessoas e das descobertas ao nível da saúde, medicamentos, meios de diagnóstico, tratamentos, entre outros, as doenças crónicas têm hoje um grande impacto nos cuidados de saúde. Em Portugal, bem como na maioria dos países, a multimorbilidade, ou seja, a presença de duas ou mais doenças crónicas numa só pessoa, é atualmente um desafio para a sociedade e para os serviços de saúde.
A polimedicação, definida como a utilização simultânea de pelo menos cinco fármacos na mesma pessoa por dia, é uma realidade preocupante em algumas situações pois, pode associar-se a alguns fatores de risco, como por exemplo o risco de quedas.
As quedas, sobretudo nas pessoas mais idosas, são um problema de saúde pública pela sua grande incidência, morbilidade e mortalidade, redução da funcionalidade, independência e hospitalizações. A queda é um evento multifatorial e necessita de estratégias adequadas para a sua diminuição. Existem algumas estratégias que podem ser adotadas pelos familiares e cuidadores informais, com a finalidade de prevenir as quedas nas pessoas idosas.
A Gestão do Regime Terapêutico, através da preparação da medicação, com a utilização de caixas de medicação apropriadas, a administração de medicação nos horários estipulados e na dose prescrita, diminuem o erro na toma dos medicamentos. O consumo excessivo ou inapropriado de medicamentos pode causar efeitos adversos, entre os quais, a propensão para quedas.
A monitorização regular de sinais vitais (tensão arterial, batimentos cardíacos e glicémia no caso das pessoas com diabetes, entre outros), é importante para a criação de padrões e para a vigilância adequada da saúde, contribuindo, de alguma forma, para a prevenção de eventos causadores de quedas nas pessoas idosas.
Também a adaptação do meio ambiente à condição motora, sobretudo o ambiente doméstico e meio envolvente, com a eliminação de algumas barreiras arquitetónicas adquire uma importância extrema na prevenção das quedas. As escadas, caso existam, devem ter corrimão e devem ser colocadas nos degraus fitas antiderrapantes com cores bem visíveis. Devem ser privilegiados os polibans com tapete antiderrapante e serem colocadas barras de apoio nos WC. Durante o período noturno podem ser utilizadas luzes de presença para sinalizar obstáculos, ou percursos que sejam utilizados.
Também a utilização de calçado adequado assume uma alta importância na prevenção das quedas. Deve ser evitado calçado com sola lisa, sem rugosidades, ou que esteja demasiado gasto. Os chinelos também estão desaconselhados. Caso a mobilidade da pessoa idosa seja reduzida, a utilização de ajudas técnicas torna-se essencial para a prevenção de quedas (utilização de bengala, muletas, andarilho, ou até mesmo cadeiras de rodas).
Assim, é de reforçar a importância do conhecimento que os familiares e os cuidadores informais devem ter sobre as limitações, as capacidades motoras e cognitivas das pessoas idosas, para que consigam adequar as intervenções às necessidades reais das pessoas.
Em caso de dúvida dirija-se à sua equipa de saúde, médico(a) ou enfermeiro(a) de família para que lhe sejam prestados os esclarecimentos, encaminhamentos e ajuda que necessita.

Artigo de Miguel Rosa

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