No primeiro dia do ano, dia 1 de janeiro de 2025, pelas 18h30, na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Évora, o Prelado celebrou a Eucaristia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, na qual consagrou a Arquidiocese à Rainha da Paz.
À homilia, D. Francisco Senra Coelho começou por levantar várias questões: “Como será possível encontrar racionalidade numa estratégia para a manutenção e promoção da Paz a partir de propostas de corrida para a compra de mais armamento? Até onde chegará uma Paz pragmática, baseada no equilíbrio de forças e no medo? Afinal, que conclusões históricas retiramos da chamada Guerra Fria, vivida nas décadas 50 a 80 do passado século XX?”
“Neste contexto e perante a pobreza de estadistas com critério de promoção da Paz planetária e universal, na construção laboriosa e paciente de diálogos construtivos entre nações; na recusa definitiva do uso da violência e da força das armas, importa unirmo-nos espiritualmente ao Papa Francisco, que na sua mensagem para este dia Mundial da Paz, propõe a redução do investimento bélico a favor da criação de fundo global, aplicado a favor das nações mais pobres; que nelas promova a instrução, a educação e o desenvolvimento integral da pessoa humana, evitando a revolta e a guerra, as grandes mutações migratórias com os consequentes problemas para os países de acolhimento”, apelou o Arcebispo de Évora.
“Face ao crescente poder da opinião pública e da comunicação social, importa que como cristãos conscientes atuemos através da nossa cidadania assumida, face a soluções propostas pelo Papa Francisco tais como: a defesa incondicional da vida humana; o perdão da dívida pública dos países mais desfavorecidos; a consciência assumida da dívida ecológica dos países desenvolvidos face aos países fornecedores de matérias-primas, sobretudo no hemisfério sul”, referiu o Prelado.
“Só uma renovação de mentalidades e a fermentação progressiva e paciente de uma cultura de Paz podem fomentar e garantir a Paz duradoura para o planeta”, afiançou D. Francisco Senra Coelho.
“Sabemos que a soberba e a ganância do poder geram o autismo e obscurecem a inteligência. A História da Salvação mostra que a Paz é dom de Deus, nasce como esperança a partir da Fé no Deus fiel e Pai que não nos abandona. Hoje, nesta Igreja dedicada a Nossa Senhora de Fátima, pedimos à Mãe de Deus e Rainha da Paz que interceda por nós e alcance do Pai do Céu a luz para a mente e a coragem para os corações daqueles que têm nas suas mãos o destino da paz e da guerra. Que a Mãe de Deus nos una como povo em oração a favor da paz neste Ano 2025”, concluiu o Arcebispo de Évora.
Na celebração da Eucaristia, o Prelado eborense consagrou ainda a Arquidiocese à Rainha da Paz, utilizando para o efeito a consagração que o Santo Padre fez no dia 6 de Outubro no contexto do Sínodo dos Bispos para a Sinodalidade:
CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA
“Ó Maria, nossa Mãe, eis-nos aqui de novo na vossa presença. Vós conheceis as dores e os cansaços que nesta hora pesam sobre os nossos corações. Para Vós, erguemos os nossos olhos; sob o vosso olhar encontramos refúgio; e ao vosso coração nos confiamos.
Também para Vós, ó Mãe, a vida reservou provações difíceis e receios humanos, mas fostes corajosa e audaz: tudo confiastes a Deus, respondendo-Lhe com amor e oferecendo-Vos a Vós mesma sem reservas. Como intrépida Mulher da Caridade, apressastes-Vos a socorrer Isabel; com prontidão, acolhestes a necessidade dos esposos nas bodas de Caná; e com fortaleza de espírito, iluminastes no Calvário a noite da dor com a esperança pascal. Por fim, com ternura de Mãe, infundistes coragem aos discípulos atemorizados no Cenáculo e, com eles, acolhestes o dom do Espírito.
E agora Vos suplicamos: acolhei o nossa súplica! Precisamos do vosso olhar, do vosso olhar de amor que nos convida a confiar no vosso Filho Jesus. Vós que estais disposta a acolher as nossas mágoas, vinde socorrer-nos nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, dos filhos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4).
Mãe, voltai o vosso olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Mãe, intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum.
Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos, Mãe, a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.
Maria, Rainha do Santo Rosário, desatai os nós do egoísmo e dissipai as nuvens sombrias do mal. Enchei-nos com a vossa ternura, levantai-nos com a vossa mão carinhosa e dai a estes filhos, a vossa carícia de Mãe, que nos faz esperar o advento de uma nova humanidade onde «o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta. Na terra, agora deserta, habitará o direito, e a justiça no pomar. A paz será obra da justiça» (Is 32, 15-17).
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!”