No dia 5 de dezembro, celebram-se os 25 anos da ordenação presbiteral do P. Humberto César Gonçalves Coelho. Por ocasião do jubileu sacerdotal, Ser Igreja Évora entrevistou o P. Humberto Coelho, que partilha o seu testemunho:
Ser Igreja – Pode contar-nos de forma breve, a sua história vocacional?
P. Humberto Coelho: Desde criança que eu digo que quero ser padre, muito no sentido de não querer ser igual ao meu Pároco. Mas, na mudança de escola, do quarto para o quinto ano, esse desejo tomou figura quando entrei na Escola Apostólica de Cristo Rei, dos Missionários de São João Baptista.
Aí permaneci até ao nono ano e voltei para casa para fazer o Secundário.
Seguiram-se dois anos de grande afastamento da vida cristã.
Chegado ao final do décimo primeiro ano, e procurando discernir sobre o que fazer quando for grande, as lembranças da vida que tive no Seminário de Gouveia e as que tive fora, o coração parecia cheio quando me lembrava da estadia no Seminário e em plena oposição às outras.
Falei com o meu Pároco, para que me informasse sobre o que seria necessário para entrar no Seminário Maior da Guarda, entrada essa que foi negada.
No final de Julho de 1992, vindo a Évora para visitar a minha irmã, ela informou-me que teria reunião com o Reitor do Seminário Maior. Graças à intervenção da minha irmã, a quem agradeço por ser muitas vezes um sinal de Deus na minha vida e vocação, em Setembro entrei no Seminário Maior de Évora para iniciar os estudos no ISTE.
No decorrer do curso, e chegado ao final do quinto ano, fiz uma interrupção, e, de acordo com a equipa formadora, fiz um ano de paragem, indo para França, mais precisamente para Trosly-Breuil, para viver um ano de vida e trabalho com pessoas com deficiência, nas Comunidades da Arca, fundadas por Jean Vanier.
Esse ano solidificou o meu chamamento ao Sacerdócio Ministerial.
Chamamento esse que se concretizou com a Ordenação Sacerdotal recebida a 5 de Dezembro de 1999.
Ser Igreja – Quais as principais atividades que desenvolveu ao longo destes 25 anos?
P. Humberto Coelho: Durante estes 25 anos, fui, maioritariamente, Vigário Paroquial ou Pároco: Comecei em Benavente (Paróquias de Benavente, Biscainho, Branca e Santo Estêvão) com o Pe. Marcelino Caldeira: durante 2 anos, em que no primeiro ano juntei as aulas de EMRC em Coruche; depois fui para São Pedro do Corval, para a Unidade Pastoral de Reguengos de Monsaraz, trabalhar com o Pe. Manuel José, nas Paróquias de Reguengos de Monsaraz, São Marcos do Campo, Campinho, São Pedro do Corval, Monsaraz, Vendinha e Valongo, durante 5 anos; ao terminar estes 5 anos, ingressei na Ordem Hospitaleira de São João de Deus, para fazer o discernimento da minha vida, na Casa de Saúde do Telhal, onde estive de 8 de Setembro a 6 de Julho, a fazer o Postulantado.
Findo este, estive um ano como Vigário Paroquial de Cabeção, com o Pe. José de Leão Cordeiro e o Pe Carlos Melo. A seguir, e sendo nomeado Pároco de Cabeção, acumulei a paroquialidade de Pavia e São Gregório. Devido à idade e doença do Pe. Folgado, durante ano e meio, fui ajudá-lo, aos fins de semana, nas paróquias de Aldeia Velha e Galveias; quando faleceu, fui nomeado Pároco destas paróquias também.
Devido ao meu estado de saúde (com a confirmação de Parkinson), fui deixando a paroquialidade de Galveias e Aldeia Velha, São Gregório, Cabeção e, por fim, também Pavia.
Estive 3 anos em Gouveia, para estabilizar e me adaptar à minha situação de doença de Parkinson. Terminado estes 3 anos, estive como Administrador Paroquial de Torrozelo, Folhadosa, Várzea de Meruge, Travancinha, Santa Eulália e Sameice, durante um ano e depois como Vigário Paroquial das mesmas durante mais 4 meses.
Por fim, voltei para a Arquidiocese, onde me encontro, na Casa Sacerdotal, no Seminário de São José, em Vila Viçosa.
Ser Igreja: Ao cumprir 25 anos de ordenação, que balanço faz?
P. Humberto Coelho: Fazer balanços de, alguma forma, parece que é falar de algo que já terminou. Não olho para estes 25 anos como um fim, mas como um convite a recomeçar de novo e a refortalecer a minha vida de oração e de escuta ao chamamento do Senhor da Messe.
Por isso digo, que na escola da vida, aprendi, me fortaleci, inventei e reinventei, com aqueles e aquelas que Deus dispôs no meu caminho. Com alguns fiz, e faço caminho, de Fé, de entrega e de doação.
Com outros fiz, e faço caminho de Dor, porque nem sempre me deixo ou deixei guiar pelo Espírito Santo, para realizar a vontade do Senhor e tornei-me obstáculo para que os outros se encontrassem com Deus ou se afastassem d’Ele.
Contudo, faço uma análise positiva destes 25 anos.
Ser Igreja – Que votos faz para o futuro?
P. Humberto Coelho: Faço votos que o Senhor me dê a saúde que me vai faltando.
Faço votos de abrir mais o coração à Palavra de Deus.
A curto prazo, espero viver o Ano de São Lucas, proporcionado pela Associação Sementes do Verbo, que é um ano de cura e de estudo, que implica também um esforço para cortar com a vida do dia a dia. Como me foi dito: entras mal, mas sais recauchutado. Assim espero.