Fátima acolheu, no passado fim de semana, 26 e 27 de outubro, as celebrações dos 75 anos da Legião de Maria em Portugal.

O momento alto foi a celebração da Eucaristia no Domingo, na esplanada do Santuário, presidida D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco.

À homilia, o Prelado, deixando palavras de apreço aos membros da Legião de Maria, apelou que “diante da agressividade do nosso tempo, não nos tornemos agressivos também. Façamos, antes, como o Papa Francisco nos ensina: sabendo ‘sorrir’ e ‘praticando a caridade’”, tendo salientado que é o diálogo que abre caminho à confiança e ajuda a cultivar a fraternidade. Por isso, referiu, “dá pena que a guerra substitua o diálogo pelas armas e que, algumas vezes, também a sociedade, mesmo no nosso país, imite um procedimento semelhante, à conta do desafio ou da vingança”.

O Movimento da Legião de Maria teve o seu início a 7 de setembro de 1921, em Dublin, Irlanda, sendo Fundador Frank Duff.

Entrou em Portugal a 31 de maio de 1949, na Paróquia da Estrela, em Lisboa, onde era Pároco, mais tarde Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Manuel Campos.

A Legião de Maria deu os primeiros passos na Arquidiocese de Évora pela iniciativa de Monsenhor Vicente da Costa, Pároco da Paróquia da Sé de Évora tendo “nascido” na Igreja do Carmo, a 6 de janeiro de 1952, quando D. Manuel Mendes da Conceição Santos era Arcebispo de Évora.

Évora tornava-se assim a segunda cidade em Portugal a receber a Legião de Maria.

“A Legião de Maria teve grande implantação na Arquidiocese, tendo chegado a registar ao longo das décadas 18 grupos de adultos (mulheres e homens) e 25 grupos de jovens, sendo que cada grupo de jovens tinha entre 10 a 15 membros”, explica a Ser Igreja o sr. Amarílio, membro da Legião de Maria, dando conta da presença da Legião em localidades como Évora, Vila Viçosa, Estremoz, Mourão, entre outras.

Anualmente a Legião de Maria na Arquidiocese de Évora celebra a Festa Ácias, que normalmente é presidida pelo Prelado eborense.

Na Arquidiocese de Évora, atualmente, o Movimento encontra-se implantado em 9 grupos, totalizando 75 membros ativos e 134 membros auxiliares, estando localizados nas seguintes Paróquias da cidade de Évora: Nossa Senhora Auxiliadora; Nossa Senhora da Saúde; Nossa Senhora de Fátima; São Mamede; e Santo Antão.

“Semanalmente, os Grupos reúnem e realizam atividades pastorais como visitas a doentes, aos idosos, às famílias, levando a Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Além disso, rezamos o Terço em alguns bairros da cidade”, explica o sr. Amarílio, que acrescenta que “ajudamos também os doentes a irem às consultas médicas, visitamos os idosos nos lares e prestamos alguns serviços domésticos a quem deles necessita”.

“De realçar, que temos um membro da Legião de Maria em Évora que é membro há 70 anos, sendo ainda um membro muito ativo”, sublinha o sr. Amarílio.

A Legião de Maria tem desempenhado um papel “muito relevante na Arquidiocese”

A Legião de Maria têm desempenhado um papel “muito relevante na Arquidiocese”, sublinha o atual Prelado eborense em declarações ao Ser Igreja “no que se refere sobretudo na Pastoral da Saúde, na visita aos doentes, aos sós, no apoio às famílias enlutadas, e na ligação da catequese paroquial com as famílias”.

“O trabalho dos membros da Legião de Maria é normalmente feito dois a dois e a sua missão passa por dar apoio humano e espiritual”, destaca o Arcebispo de Évora.

D. Francisco Senra Coelho recorda ainda o trabalho “decisivo” da Legião de Maria na Igreja dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), destacando que “muitos grupos da Legião de Maria nasceram em Moçambique e em Angola e durante as guerras civis foram fundamentais para levar a Palavra de Deus e o Santíssimo Sacramento às comunidades dispersas por aqueles territórios”.

Movimento de evangelização ao serviço da Igreja

A Legião de Maria é um movimento de evangelização ao serviço da Igreja, cuja espiritualidade “assenta na Doutrina do Corpo Místico e na Maternidade de Maria” pode ler-se na descrição do movimento na página do Anuário Católico.

“Tal como Maria, sob a ação do Espírito Santo, deu Cristo ao mundo, também a Legião de Maria, com Maria e sob a ação do mesmo Espírito, procura dá-Lo ao mundo através do seu apostolado, colaborando com o Espírito Santo e com Maria na renovação da face da Terra e na construção da Civilização do Amor no Terceiro Milénio”, lê-se ainda.

Para isso, os seus membros procuram ser dignos e corajosos anunciadores do Evangelho, obedecendo assim ao mandato de Jesus Cristo: “Ide pelo mundo inteiro…” (Mt 28,6).

Os legionários privilegiam a dimensão pastoral ou a dimensão social, tocando assim, nas suas atividades, todas as Pastorais. Os contactos com as famílias em visitas domiciliárias (trabalho prioritário da Legião numa linha de evangelização); recenseamento paroquial; contactos com doentes em Hospitais (voluntariado hospitalar) e em casa (apoio domiciliário com prestação de cuidados de higiene e serviço doméstico); apoio à Terceira Idade (amparo moral, convívios, centros de dia, preparação para os Sacramentos); acompanhamento de pessoas solitárias; obras a favor dos elementos da sociedade mais abandonados; visitas a Albergues, apoio aos sem-abrigo e contactos com prostitutas; visitas a Estabelecimentos Prisionais; apoio a toxicodependentes e alcoólicos, são algumas das inúmeras atividades que abraçam.

Pois, “o legionário deve ser a corporização simpática do Cristianismo autêntico”. E, “viver a vocação cristã de forma perfeita”. Havendo para tal, “três exigências necessárias, ligadas entre si: a oração, o espírito de sacrifício e os sacramentos”.

Portanto, “a formação espiritual concorre poderosamente para o desenvolvimento da própria santidade”; completando-se na “execução de um trabalho apostólico diário, através do testemunho e da alegria do Evangelho”, nas palavras do fundador Frank Duff.

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