Falta de medicamentos e combustível, cortes no fornecimento de electricidade, são muitos os exemplos da profunda crise económica que se vive em Cuba nos dias de hoje. A Igreja pede apoio para conseguir cumprir a sua missão neste contexto tão difícil e, em resposta a esse apelo, a Fundação AIS lançou em Espanha uma campanha de solidariedade que tem como grande objectivo auxiliar o trabalho de evangelização.
“A nossa Igreja é sinodal, unida, viva, atenta, mas também é uma Igreja pobre.” Estas palavras são de D. Emílio Aranguren, presidente da conferência episcopal dos Bispos cubanos, a agradecer a campanha que o secretariado espanhol da Fundação AIS acaba de lançar de ajuda à Igreja do seu país. “O grande desafio da Igreja cubana é o anúncio do Evangelho e nisto não estamos sozinhos, a AIS apoia-nos”, acrescentou o prelado.
O objetivo desta campanha é ajudar a Igreja de Cuba a enfrentar a falta de meios materiais para a pastoral, a necessidade de formação dos leigos, o apoio aos sacerdotes e religiosas para a sua sobrevivência e ainda o acompanhamento das vocações. Uma ajuda que se torna cada vez mais importante dada a situação de profunda crise económica que se vive neste país das caraíbas.
Em Cuba, é normal haver cortes durante várias horas no fornecimento de energia eléctrica, quase não há combustível disponível para os cidadãos e até os medicamentos são escassos. Ninguém escapa a este contexto tão adverso, nem sequer a Igreja.
Existem 11 dioceses na ilha. Cada uma deles enfrenta ainda, além de tudo isto, o desafio da escassez de sacerdotes e de vocações. Actualmente existem apenas 27 seminaristas em todo o país e apenas 374 padres. Isto significa que Cuba tem a maior proporção de católicos por sacerdotes em todo o mundo: São 20.872 fiéis por padre. Em Espanha, por exemplo, essa proporção é de apenas 2.342.
UMA IGREJA QUE É FAROL
São poucos sacerdotes e têm de assumir a sua missão num ambiente de grande dificuldade material até porque as comunidades católicas são também muito pobres. A ajuda da Fundação AIS neste contexto torna-se particularmente relevante, nomeadamente ao nível dos estipêndios de Missa que os benfeitores da instituição mandam celebrar e que se relevam essenciais para a sobrevivência do clero.
Os religiosos e religiosas são outra peça-chave da Igreja Católica em Cuba, que conta com a presença de 118 congregações e institutos. Entre os 663 religiosos e religiosas que existem hoje em Cuba estão as irmãs de Jesus Verbo e Vítima, da diocese de Santa Clara.
Como exemplo desta campanha, a Fundação AIS planeia financiar as suas necessidades básicas para que possam levar esperança e conforto à zona de Guasimal, um dos recantos mais esquecidos da ilha. “A Igreja em Cuba é uma Igreja que permanece como um farol que é firme, que anuncia às pessoas que estão em desespero. Essa luz atrai e orienta, e somos chamados a responder”, disse também D. Emílio Aranguren ao secretariado espanhol da AIS, sintetizando a importância do trabalho realizado por padres, irmãs e catequistas neste país do continente americano. A campanha da Fundação AIS procura apoiar o esforço evangelizador da Igreja no contexto da profunda crise material que se vive em Cuba.
UMA CRISE JÁ ANTIGA
A situação de crise que atinge a sociedade cubana tem vindo a agravar-se ao longo dos anos. Em 2017, no contexto da peregrinação internacional que a Fundação AIS realizou ao Santuário de Fátima, em Portugal, o Padre Rolando de Oca, da Diocese de Guantanamo, deu um testemunho do que é viver num país onde a falta de recursos materiais é uma constante no dia-a-dia e onde já era significativo o apoio dado pela fundação pontifícia.
Encontramo-nos com muitas dificuldades económicas e, com frequência, a AIS tem ajudado, e é uma ajuda muito importante na construção do Reino: construção de templos, restauro de templos antigos, quer dizer reconstrução, porque não temos autorização para construir templos novos, por isso os que se deterioram reconstroem-se.”Padre Rolando Oca
Rolando de Oca referiria ainda a importância da ajuda para projectos pastorais e encontros de jovens e de casais, para os quais são necessários recursos materiais nomeadamente relacionados com a mobilidade das pessoas, “pois, em Cuba, os transportes são um desafio”, assim como “os alimentos e os materiais pastorais para esses encontros”, revelou o jovem padre que descobriu Jesus através da Bíblia para as Crianças, um livro da Fundação AIS que classificou como o seu “primeiro grande tesouro de fé”.
UMA PASTORAL “TU A TU”
Na referida entrevista à Fundação AIS, o Padre Rolando de Oca descreveria ainda as necessidades espirituais e a perda de valores humanos com que já se debatia a sociedade cubana. “Muitas vezes as pessoas não têm oportunidade de amar a Deus porque não O conheceram, ou porque durante muito tempo foi particularmente difícil o acesso à Igreja por parte dessas pessoas, pois no passado era muito difícil aproximar-se da Igreja. Hoje em dia as dificuldades não são as mesmas, mas a educação ateia continua, não há liberdade para educar os filhos onde se quer, tendo de o fazer sob a doutrina marxista”, disse, acrescentando que a Igreja também não tem acesso aos meios de comunicação de um modo sustentado, estável.
“Não temos acesso a meios de formação católica, meios de comunicação católica, propaganda. Pôr a Igreja na rua é por isso um desafio, é difícil”, acrescentou o sacerdote. Neste contexto, disse ainda, a Igreja realiza o seu trabalho “pessoa a pessoa, batendo à porta, pondo um papelinho à porta de casa, para que todos os que passam vejam”, explicou, definindo esta realidade como “a pastoral tu a tu”.
É para ajudar a dar respostas a todos estes problemas e inquietações que a Fundação AIS de Espanha lançou agora a campanha “consigo nada é impossível” de apoio à grande obra evangelizadora que a Igreja Católica está a realizar em Cuba no contexto de uma profunda crise económica.
https://youtube.com/watch?v=t4_xoxMVe6c%3Fcontrols%3D1%26rel%3D0%26playsinline%3D0%26modestbranding%3D0%26autoplay%3D0%26enablejsapi%3D1%26origin%3Dhttps%253A%252F%252Ffundacao-ais.pt%26widgetid%3D1
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt