No dia 6 de Agosto de 2014, e no espaço de poucas horas, mais de 100 mil pessoas tiveram de fugir das terras bíblicas da Planície de Nínive, no Iraque, procurando salvar as suas vidas face à chegada iminente dos terroristas do Daesh, o grupo jihadista Estado islâmico. Para a Fundação AIS, e para não se esquecer o que aconteceu, os portugueses são convidados a transformar esta data num “dia de oração pelos cristãos perseguidos”. Até porque, como sublinha Catarina Bettencourt, directora do secretariado português da AIS, “a perseguição religiosa continua a ser uma realidade cruel em muitos países do mundo”.

Foi há 10 anos. A ameaça jihadista sobre os cristãos do Iraque teria o seu momento mais simbólico e duro na noite de 6 para 7 de Agosto de 2014. A chegada iminente dos terroristas do Daesh, o tenebroso grupo jihadista Estado Islâmico, provocou a fuga a cerca de 100 mil pessoas. Homens, mulheres e crianças tiveram de fugir num par de horas para salvar as próprias vidas deixando para trás tudo o que tinham. A invasão das terras bíblicas da Planície de Nínive transformou-se num exemplo trágico do que significa a perseguição religiosa a uma comunidade nos tempos modernos. A região concentrava aproximadamente 25% dos cristãos iraquianos e também pessoas pertencentes a outras minorias religiosas igualmente ameaçadas pelos terroristas.

A fuga ocorreu durante a noite e madrugada. Milhares caminharam pelas estradas, em alvoroço, rumo às cidades curdas de Erbil e Dohuk, situadas a norte. “Cerca de 100 mil cristãos, aterrorizados e em pânico, fugiram das suas casas sem nada, apenas com as roupas do corpo, a pé, rumo às cidades curdas. Entre eles havia doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas a precisar de água, comida, medicamentos e um lugar para ficar”, declarou na ocasião o Patriarca Louis Raphael Sako, chefe da Igreja Católica Caldeia.

A invasão das terras bíblicas da Planície de Nínive deu origem também a uma enorme operação de ajuda humanitária em que a Fundação AIS teve um papel preponderante. Agora, dez anos depois, é importante assinalar esta data, é importante lembrar o sofrimento de todos estes cristãos e é fundamental lembrar ao mundo que a liberdade religiosa está ameaçada para uma percentagem enorme da população.

“É PRECISO DENUNCIAR ISTO”

Por isso, a Fundação AIS quer transformar este dia 6 de Agosto num memorial pelos Cristãos perseguidos, apelando às orações de todos pelos que sofrem por causa da sua fé em tantos países do mundo. “Já sabemos o sofrimento por que passaram há 10 anos mais de 100 mil pessoas, na sua esmagadora maioria cristãos, com a chegada dos terroristas às terras bíblicas da Planície de Nínive, no Iraque. Já sabemos tudo isso e por isso também não o podemos esquecer”, diz a directora do secretariado português da Fundação AIS. 

“Infelizmente, a perseguição religiosa é uma realidade cruel hoje em dia em inúmeros países. Tal como aconteceu há 10 anos no Iraque, todos os dias recebemos notícias que nos falam disso, sabemos de histórias de cristãos que também tiveram de fugir para salvar as suas vidas, sabemos de histórias de cristãos que são ameaçados apenas por causa da religião que professam. E tal como aconteceu há 10 anos, em muitos países esses cristãos perseguidos continuam sozinhos e estão como que abandonados à sua sorte. É preciso denunciar isto”, acrescenta Catarina Martins de Bettencourt.

E este ano, como aliás tem acontecido desde 2014, a Fundação AIS pretende transformar o dia 6 de Agosto numa data em que, a propósito da tragédia que ocorreu na Planície de Nínive no Iraque, se lembre o sofrimento de todos os que sofrem pela fé. “A melhor maneira de homenagearmos os cristãos perseguidos, a melhor maneira de dizermos também ao mundo que temos de defender a liberdade religiosa como um direito básico e inalienável do ser humano é rezando. E é isso que, uma vez mais, propomos a todos os portugueses. Que transformem, de alguma maneira, o próximo dia 6 de Agosto num tempo de oração e de memória por todos os que sofrem pela sua fé”, diz ainda a responsável do secretariado português da AIS, apelando à mobilização de todos. “Falem disto ao vosso pároco, falem disto na vossa comunidade, na vossa família, aos vossos amigos. No dia 6 de Agosto vamos todos rezar pelos Cristãos perseguidos no mundo”, pede Catarina Bettencourt.

O dia 6 de Agosto é já assinalado em diversos secretariados internacionais da Fundação AIS como Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos. É o caso, por exemplo, do Brasil onde esta celebração tem mesmo o apoio da conferência episcopal.

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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