Neste sábado, dia 6 de julho, pelas 17h, em Borba, o Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, presidiu à Eucaristia na qual se celebrou a Ordenação Diaconal de Carlos Corrales, aluno do Seminário Redemptoris Mater de Nossa Senhora de Fátima (Évora), natural da Costa Rica, de 32 anos de idade.

A Eucaristia foi concelebrada pelos reitores dos dois Seminários Arquidiocesanos, P. Gustavo Quiroga (Maior de Évora) e P. José Gomes (Redemptoris Mater de Évora), do Pároco de Borba, P. Alessandro Cont, e de um número significativo de sacerdotes do presbitério eborense e de outras dioceses, tendo sido servida por vários diáconos permanentes da Arquidiocese de Évora.

A celebração, que foi transmitida em direto pelo canal do Youtube da Arquidiocese de Évora, contou com a participação de familiares, dos responsáveis do Caminho Neocatecumenal no Sul de Portugal, de amigos e de fiéis.

Antes da homilia, começaram os ritos de ordenação com a eleição do candidato, que consistiu na apresentação do candidato, feita pelo reitor do Seminário Redemptoris Mater de Évora, P. José Gomes, que atestou que o “candidato é considerado digno”. “Com o auxílio de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador, escolhemos este nosso irmão para a Ordem dos Diáconos”, confirmou o Prelado eborense.

À homilia, o Arcebispo de Évora começou por fazer um “cumprimento de profunda comunhão e amizade” a todos os presentes, sublinhando “esta hora de esperança para todos nós”.

“A mensagem da liturgia por nós escutada concentra-se na recusa ao acolhimento da Palavra de Deus, que se faz presente na história da salvação, mediante a pregação dos profetas enviados pelo Senhor”, explicou o Prelado, acrescentando que “na primeira leitura, Deus confia ao profeta Ezequiel a missão de anunciar ao povo israelita a sua mensagem de amor, mesmo discernindo a possível recusa à aceitação da Sua palavra”. “A finalidade deste envio é unicamente declarar à sua grei que há um profeta no meio deles, ou seja, para que saibam que Deus não os abandonou, apesar da sua dureza e obstinação. Revela-se assim um Deus presente na história do povo, por Ele amado”, acrescentou.

“A recusa à palavra profética repete-se na passagem do Evangelho de São Marcos, pois os compatriotas de Jesus, ao presenciarem as suas pregações e ensinamentos na sinagoga, recusam-se a crer. Nem mesmo os milagres e prodígios por Ele operados e testemunhados pelas multidões que o seguiam são suficientes para convencer os Nazarenos. Duvidam do seu poder e eleição, justificados na sua humilde origem”, prosseguiu.

“Reparei, irmãos e irmãs, que a proximidade e a familiaridade com o Divino Mestre torna-se um obstáculo à sua missão salvífica, algo afirmado por Ele mesmo – ‘um profeta só é desprezado na sua terra entre os seus parentes e em sua casa'”, explicou.

“Estava admirado com a falta de fé daquela gente. Em seguida, a narração do Evangelho evidencia uma atitude radical de Nosso Senhor, despedir-se dos seus concidadãos e efetivamente do judaísmo oficial para entregar-se d’ora em diante aos discípulos que o seguiam. Focar-se-á na instrução de um pequeno grupo fiel ao seu Kerigma. Na verdade, São João, já anunciara este desenlace, veio para o que era seu, mas os seus não receberam”, recordou.

“A crença em Cristo como Messias prometido e a consequência da aceitação da Sua boa nova só pode ser acolhida mediante a fé, tal como declara Jesus a São Pedro: ‘Não foi a carne nem o sangue que te o revelaram, mas meu Pai que está nos céus’, sublinhou o Arcebispo de Évora.

“Marcado pelas dificuldades, o apóstolo São Paulo, de acordo com a segunda leitura, mostra-se incapaz de prosseguir o seu apostolado. Roga ao Senhor que afaste o aguilhão da carne, aguilhão de limitações associadas à condição de homem pecador e contingente, aguilhão que o enfraquece e debilita na fé e na determinação de continuar a trilhar o caminho profético dos desígnios divinos. Neste mesmo sentido, implorou Cristo, que clemente ao Pai Celeste, numa expressão da sua natureza humana, débil e frágil, rezou: ‘Pai, se for possível afasta de mim este cálice, contudo seja feita à vossa vontade e não a minha'”, referiu o Prelado.

“Deus não afasta as dificuldades do caminho do seu divino Filho, nem do apóstolo das gentes, demonstrando a todos os seus enviados a superioridade da força salvífica da graça para a obtenção do sucesso no labor apostólico. Parafraseando o ditado popular de teor religioso, devemos asseverar – ‘Deus não escolhe os capacitados, mas capacita por meio da sua graça os escolhidos'”, afiançou.

“Estimado Carlos Corrales, recebes hoje o Ministério Ordenado do Diaconado, para que beneficies de um tempo de reflexão, como diz o Papa, em palavras dirigidas aos Diáconos Ordenados em Roma. O Diaconado é a base sobre a qual se funda o Presbiterado, pois o fundamento interior do sacerdócio ordenado à maneira de nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para servir e não ser servido”, explicou.

“Neste sentido, o Papa Francisco concretiza que servir, e cito, ‘é um verbo que recusa toda abstração, significa estar disponível, renunciar a viver de acordo com a própria agenda. Estar pronto para as surpresas de Deus que se manifestam através das pessoas, do inesperado, das mudanças de planos, das situações que não se encaixam nos nossos esquemas. Porque, como também refere o Sumo Pontífice, o presbítero é, portanto, um testemunho de comunhão que implica fraternidade, fidelidade, docilidade”, sublinhou D. Francisco Senra Coelho.

“Só construiremos presbitérios fraternos se nos convertermos quotidianamente a este critério evangélico do serviço”, apontou o Prelado, acrescentando: “Durante um tempo, caro Carlos, mergulharás neste ministério ordenado do diaconado para alicerçares bem o teu presbiterado. Alicerçares em Cristo, servo de todos, o que vem servir e não ser servido”.

“Caro Carlos, à maneira do profeta Ezequiel e do apóstolo São Paulo, permanecerás nesta escola evangélica do diaconado, um período a que a Igreja chama em interstício, a fim de unir o coração a Cristo, bom pastor, e servo de todos, fortalecido e alimentado constantemente na vontade do Pai”, sublinhou.

“Deste modo, abraçarás um dia com mais experiência e consciência o chamamento a ti dirigido pela Igreja em vista ao Presbiterado. Penetrando no mistério da sabedoria, no sabor do sim de Maria, eis a humilde serva do Senhor, e na profecia do maior entre os filhos de mulher, que Ele cresça e eu diminua, eis o sinal que receberás ao revestires-te com a estola e a dalmática do serviço à mesa dos pobres que confirmam a chegada do reino de Deus”, prosseguiu.

“No advento da Tua ordenação presbiteral, convido-te a interiorizar a sugestão do Bispo da Roma que preside a comunhão das igrejas e, cito, ‘um coração que recebe do Senhor a alegria e fecunda as relações com a oração não perde de vista a beleza atemporal da vida sacerdotal'”, convidou o Arcebispo de Évora, acrescentando, “como discípulo de Jesus, que lavou os pés aos apóstolos, entrega-te assíduo e fielmente à meditação da palavra de Deus. Alimenta-te fervorosamente no banquete eucarístico. Faz-te servo de todos e crê em Cristo revelado nos mais pobres, frágeis e sós”.

“Numa Igreja sinodal, os ministros ordenados são chamados a viver o seu serviço ao povo de Deus numa atitude de proximidade às pessoas, de acolhimento e de escuta de todos e a cultivar uma profunda espiritualidade pessoal e uma vida de oração. São chamados a esvaziar-se de si mesmos, segundo o modelo de Jesus, que sendo de condição divina, esvaziou-se a Si mesmo, assumindo a condição de servo”, apelou o Prelado eborense, acrescentando que “a Assembleia reconhece que muitos presbíteros e diáconos, com a sua dedicação na humildade e serviço, tornam visível o rosto de Cristo, bom pastor e servo”.

“Com os padres sinodais, Deus te ajude, meu irmão, a alcançar esta semelhança com o bom Mestre e então garantires a fecundidade do teu serviço ao povo santo de Deus”, disse o Prelado, apelando ao neo diácono: “anuncia com a alegria da esperança a Palavra viva do Evangelho. Batiza em nome da Trindade criadora, salvadora e santificadora. Testemunha em nome da Igreja o júbilo nupcial dos nubentes. Consola e alenta em nome da misericórdia de Cristo aqueles que estão no término da vida terrena e acompanha-os à última morada. Visita e conforta os doentes, os pobres, os fracos, as viúvas e os órfãos, como os primeiros diáconos. E que a luz do ressuscitado brilhe no teu rosto como na face do Proto-Mártir Santo Estevão, modelo e exemplo dos diáconos”, concluiu a homilia o Arcebispo de Évora.

Depois da homilia, aconteceu o rito de Ordenação, com o candidato a fazer a promessa, respondendo a sete questões sobre a consagração ao serviço da Igreja, sobre a humildade e serviço dedicado ao povo e ao presbitério, guardar e anunciar o Evangelho, guardar o celibato, a promessa sobre a oração, a promessa de ser imitador de Cristo e a promessa de obediência.

Seguiu-se a prostração do candidato, a imposição das mãos e a oração de ordenação do Arcebispo de Évora.

Depois Carlos Corrales recebeu a estola e a dalmática de Diácono. Por fim, recebeu o Evangelho e o Ósculo da Paz do Arcebispo de Évora.

No final da celebração, o Arcebispo de Évora agradeceu a todos a presença, saudando os familiares e amigos que do outro lado do Atlântico acompanharam através da transmissão o neo diácono. “Aqui, de Portugal, desta terra bela de Borba, queremos atravessar o oceano e saudar o belo povo da Costa Rica. Esse paraíso onde a multiplicação da vida continua, na biodiversidade, na beleza que Deus oferece a esse país tão belo”, disse, acrescentando que “queremos saudar na Diocese de Santo Isidro Lavrador, o papá do nosso querido Carlos Corrales, sr. Carlos e a sua mamã, D. Seidy, com alegria e o abraço deste povo grato pelo vosso filho. E estender este abraço às suas três irmãs”.

“Queremos dizer um adeus, saudoso amigo, aos que acompanham no Chile, terra das cordilheiras, essa faixa que abraça o oceano e que dá ao mundo um testemunho forte de fé. Chile, nação brava, valente, aqueles que acompanharam na sua itinerância o nosso querido Diácono Carlos Corrales. E aqui no Atlântico, que maravilha, São Miguel, Açores, essa ilha cheia de encantos, de expressões da criatividade da natureza. Visitar São Miguel é ir às raízes do nosso planeta, assim, naqueles primeiros tempos das formações tectónicas. Por isso, um abraço à comunidade que será muito bela como a ilha, a comunidade de São Miguel”, saudou assim o Prelado as Comunidades de Chile de São Miguel onde o Diáconos Carlos Corrales nos últimos dois anos realizou um tempo de missão após os estudos e antes das ordenações, conforme é prática no Caminho Neocatecumenal.

“A todos os familiares, amigos, comunidades que nos acompanham através dos meios digitais, um abraço da Arquidiocese de Évora, grato e feliz, pelo nosso querido Carlos Corrales, diácono da Igreja, a caminho do sacerdócio ministerial. Estamos unidos nesta bênção que chega a todos, porque o coração de Deus é a casa de todos. A tenda alargada da misericórdia, o colo da ternura, a água viva para a nossa sede, Aquele que nos envia como mensageiros da beleza da Sua paz e da ternura do Seu acolhimento”, concluiu o Arcebispo, dando de seguida a bênção final.

Terminada a Eucaristia, o Diácono Carlos Corrales recebeu os cumprimentos dos presentes.

Texto de Pedro Miguel Conceição



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