Correu vinte e dois quilómetros para ajudar o povo sofrido de Cabo Delgado, em Moçambique, vítima de ataques terroristas desde há quase sete anos. Correu também para ajudar a Fundação AIS na sua missão em favor dos cristãos perseguidos no mundo. No final da prova, domingo, dia 26 de maio, estava “cansada, mas feliz”. Sílvia Duarte, uma cabeleireira de 56 anos, mostrou que a solidariedade não tem limites…

“Estou cansada, mas feliz. Foi maravilhoso ultrapassar aquela meta e perceber que consegui.” Sílvia Duarte ainda estava um pouco ofegante, mas era, claramente uma mulher realizada. Tinha chegado ao fim da prova e estava feliz. “Cansada, mas feliz”, como fez questão de confessar à Fundação AIS logo que cruzou a meta, ainda sem saber que até iria subir ao pódio dali a minutos, por ter ficado em segundo lugar na sua categoria, a dos atletas de mais de 55 anos.

Sílvia Duarte, casada, três filhos, é cabeleireira, tem um salão no Estoril, perto do Casino, e desde há alguns anos que se dedica a correr por causas, por instituições meritórias, por pessoas que precisam de ajuda. Desta vez, decidiu fazê-lo pela Fundação AIS e pelo povo sofredor de Cabo Delgado.

Nesta corrida, ontem, domingo, 26 Maio, Sílvia foi, por tudo isto, uma atleta muito especial. Mas não só. Tal como todos os outros homens e mulheres que participaram na prova, ia equipada a preceito, mas ela, além da T-Shirt com as cores da Fundação AIS, do cantil de água, do dorsal com o número 247, além de tudo isso, levava ainda ao pescoço um Terço já antigo, um Terço especial com mais de 70 anos que tinha pertencido à sua avó.

“Ela correu também comigo”, ia dizendo ao mesmo tempo que mostrava as marcas das silvas que arranharam a pele ao longo do percurso e que lhe deixaram riscos profundos de sangue nos braços, ou a “sorte que teve” quando caiu a meio da prova e se conseguiu levantar sem grandes problemas. Também nisto Sílvia foi uma atleta especial. Ela assumiu todo o sofrimento da corrida como uma forma de se entregar à causa do povo de Cabo Delgado, dos homens e mulheres e crianças que todos os dias vivem o sobressalto do terrorismo no norte de Moçambique. “É sempre dolorosa a corrida. E durante a corrida até pensei: ‘nunca mais me meto noutra…’ Mas depois, lá está, eu penso no nosso Jesus que carregou com aquela cruz e acabo por ir buscar nisso as minhas forças. E então, já não sou eu que corro. É mesmo uma força maior que corre comigo”, diz Sílvia Duarte.

“A SOLIDARIEDADE NÃO TEM LIMITES”

Sílvia fez a prova com as cores da Fundação AIS. Procurou, com esta corrida, chamar também a atenção dos portugueses para a missão da Ajuda à Igreja que Sofre, de apoio aos cristãos perseguidos no mundo, e muito concretamente para a questão de Cabo Delgado. Para a directora do secretariado português da fundação pontifícia, o gesto de Sílvia Duarte merece o maior aplauso e mostra que todos podemos fazer sempre alguma coisa pelos que estão em maior sofrimento. “A Fundação AIS está profundamente agradecida a Sílvia Duarte. Ela procurou, com este seu gesto, chamar a atenção da sociedade portuguesa para o drama humanitário que se está a viver no norte de Moçambique”, afirma Catarina Martins de Bettencourt“A corrida de Sílvia mostra que a solidariedade não tem limites, que há imensas maneiras de fazer o bem, de ajudar os outros, como é o caso, por exemplo, das populações de Cabo Delgado que passam por imensas necessidades e que são vítimas da tragédia do terrorismo. Obrigado, Sílvia, pelo seu testemunho, pelo seu exemplo e pela forma generosa como assumiu também a causa da Fundação AIS, a causa dos cristãos perseguidos no mundo”, acrescentou a responsável da instituição, ao comentar esta corrida e o gesto solidário para com a Ajuda à Igreja que Sofre.

AIS PRESENTE EM CABO DELGADO

A corrida de Sílvia acontece precisamente numa altura em que se agravou substancialmente a situação humanitária na Província de Cabo Delgado, após uma vaga de ataques particularmente graves contra aldeias cristãs, no distrito de Chiúre, em Fevereiro, com a destruição de todas as capelas lá existentes, e mais recentemente, nos dias 10 e 11 de Maio, na estratégica vila de Macomia. Todos esses ataques provocaram o pânico e a fuga de milhares de pessoas. Face a esta situação, a Fundação AIS aprovou, entretanto, a nível internacional, um pacote de ajuda de emergência de 250 mil euros para Cabo Delgado. D. António Juliasse, Bispo de Pemba, enviou na semana passada uma carta ao responsável de projectos da fundação pontifícia, Ulrich Kny, a “agradecer imensamente” o apoio que tem sido dado e a dizer que esta solidariedade tem-se revelado essencial: “O que seria da Igreja de Pemba sem a vossa ajuda…”, escreveu o prelado. Esta verba, além do apoio de emergência aos deslocados, destina-se também ao auxílio à sobrevivência de 60 religiosas e 17 sacerdotes que estão na Diocese, à formação de 48 seminaristas, e ainda para projectos ligados à assistência espiritual às vítimas do terrorismo e para programas de evangelização para a rádio.

“VALOR INESTIMÁVEL DA FUNDAÇÃO AIS”

Foi para ajudar esta sofrida comunidade de Cabo Delgado que Sílvia se lançou neste domingo na corrida de 22 quilómetros, em trilhos duros na zona de Monsanto, em Lisboa. Mas Sílvia não correu sozinha. Várias pessoas acompanharam a sua prova e houve até uma amiga, Cláudia Lobo, que passou o tempo todo junto à meta a rezar o Terço por ela, mas também pelo povo de Cabo Delgado e pela missão da Fundação AIS junto dos cristãos perseguidos no mundo. Quem certamente também pensou na Sílvia Duarte durante as quase três horas da extenuante prova foi o Padre Nuno Westwood, o seu pároco e uma das pessoas que mais a tem incentivado a fazer estas corridas por boas causas. Ainda recentemente, quando a Fundação AIS deu a notícia de que Sílvia Duarte estava a preparar-se para mais uma corrida e que o ia fazer precisamente com as cores da Fundação AIS, o Padre Nuno fez questão de enaltecer a atitude desta mulher de 56 anos e mãe de três filhos. A corrida da Sílvia para a Fundação AIS é um exemplo inspirador do compromisso pessoal e da solidariedade em prol de uma causa nobre. Ao angariar fundos e sensibilizar sobre a missão da organização, Sílvia não apenas demonstra o seu apoio prático, mas também inspira outros a envolverem-se e a fazerem a diferença. A sua dedicação reflecte o valor inestimável do trabalho da AIS e destaca a importância de indivíduos comprometidos que se dedicam a causas humanitárias e de justiça social”, acrescentou o pároco de Nova Oeiras e São Julião da Barra, no Patriarcado de Lisboa. No final da corrida, Sílvia estava cansada, mas feliz: “Dói muito saber que há tanto sofrimento, mas, para mim, foi um privilégio poder divulgar estas causas, a de Cabo Delgado e a da Fundação AIS, e perceber que, através de mim, ambas são agora mais conhecidas.” Seguramente que sim. Obrigado, Sílvia!

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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