Hoje, dia 14 de Maio, Leah Sharibu faz 21 anos. Está em cativeiro. Foi raptada há seis anos na escola pelos terroristas do grupo jihadista Boko Haram. Por se recusar a renunciar à sua fé cristã, esta jovem, então ainda uma criança, nunca foi libertada. O padre nigeriano Simon Ayogu, a viver em Portugal, envia uma mensagem para Leah através da Fundação AIS. Uma mensagem de coragem, esperança e amor para que ela saiba que o mundo não a esqueceu…
Leah Sharibu tinha apenas 14 anos de idade quando, a 21 de Fevereiro de 2018, homens armados pertencentes ao temível grupo terrorista Boko Haram invadiram a Escola Técnica de Ciências em Dapchi, no estado de Yobe, na Nigéria – um estabelecimento de ensino oficial só para raparigas –, e levaram à força 110 alunas.
Dali a poucas semanas, todas as meninas seriam libertadas menos Leah Sharibu, que ficou em cativeiro por ser cristã e recusar a conversão ao Islão, como os terroristas exigiam. Desde então, o padre nigeriano Simon Okechukwu Ayogu, a viver em Portugal há cerca de duas décadas, lembra a história desta jovem, símbolo da perseguição religiosa no mais populoso país de África. E hoje, terça-feira, dia 14 de Maio, data do aniversário de Leah, o padre Simon volta a enviar-lhe uma mensagem através da Fundação AIS.
“Eu sou da tua terra. Estou aqui para te dar uma mensagem de esperança e estou a enviar-te esta mensagem de esperança no dia em que fazes 21 anos. Este dia é para ti um dia especial e é para nós também um dia especial, tal como para os teus pais e colegas com que foste estudar naquele dia em Dapchi, no estado de Yobe, na Nigéria. Com eles terias uma festa, com eles recordarias o dia em que nasceste e os teus pais teriam a alegria de te dar um beijinho. Mas, infelizmente, isto não acontece”, diz Simon Ayogu, de 47 anos, pároco em Lomar e Nogueira, na Arquidiocese de Braga.
“A ESPERANÇA NUNCA VAI MORRER…”
Este sacerdote já estava a viver em Portugal há vários anos quando os terroristas sequestraram Leah Sharibu. Desde então, tem acompanhado com preocupação a sua história. Numa mensagem vídeo enviada para a Fundação AIS, o Padre Simon afirma que, apesar de tudo o que aconteceu, apesar da história de incrível coragem de fé que Leah demonstrou, é preciso acreditar que um dia esta jovem mulher ainda poderá regressar a casa para junto da sua família e amigos, para junto dos que a amam e nunca esqueceram. “Estou aqui para te dizer que nós ainda estamos esperançosos de te ver um dia para quando fizeres anos te cantarmos os parabéns cara a cara. Esta esperança nunca vai morrer entre nós, especialmente para os teus pais e também para aquelas colegas que ainda têm memórias de ti. Que ainda guardam memória daquele dia de há seis anos e alguns meses quando foste raptada juntamente com outras meninas da tua escola em Dapchi”, explica o sacerdote nigeriano.
Leah foi raptada em Fevereiro de 2018. Ao fim destes anos e apesar de todos os apelos, nomeadamente dos seus pais e de instituições como a Fundação AIS, a jovem cristã continua refém do Boko Haram e desconhece-se exactamente onde está e como se encontra neste momento. A história de Leah Sharibu é extraordinária e emblemática. Ela é um dos símbolos mais poderosos da perseguição aos cristãos na Nigéria.
“NÓS GOSTAMOS DE TI”
Sinal disso, há precisamente quatro anos, na Quaresma, a Fundação AIS seleccionou cerca de quatro dezenas de histórias de pessoas cujas vidas de entrega aos outros e a Deus são inspiradoras. Entre esses heróis e mártires por amor estava Leah Sharibu. Numa altura em que o drama dos sequestros parece ter regressado em força à Nigéria, afectando profundamente a comunidade cristã, a história desta jovem rapariga que ousou renunciar à sua liberdade por causa da sua fé, não pode ser esquecida… E é isso que o padre Simon pretende com a mensagem que gravou para a Fundação AIS. “Não nos esqueçamos de ti. Nunca nos iremos esquecer de ti. Nunca iremos esquecer aquele dia em que se fez ouvir uma voz, o choro de uma criança inocente a nascer. Nada nem ninguém pode abortar a vida de uma criança que já nasceu”, afirma o Padre Simon Ayogu.
“Eu espero que esta mensagem chegue aos teus ouvidos e que, quando ouvires esta mensagem, Leah, saibas que há pessoas de boa vontade, como eu, que ainda se lembram de ti, que ainda rezam e esperam o dia do teu regresso a casa. E, sobretudo, que te celebramos. Celebramos a tua vida, celebramos o dia do teu nascimento, celebramos o facto de Deus te ter dado a nós. A vida é um dom. A tua vida, Laeh, é um dom, apesar de tudo o que tu vives, que nós não sabemos, que nós não compreendemos”, diz o padre nigeriano, terminando a sua mensagem assegurando à jovem cristã que todos continuam à sua espera. Sempre. “Nós gostamos de ti, nós estamos à tua espera e nós celebramos a tua vida, celebramos o dom de ti, Leah. Muito obrigado. Happy Birthday, Leah. Muitos parabéns!”
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal