O Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE) lançou um apelo, no âmbito do Dia da Europa (9 de maio), assinalando que é importante “manter a democracia viva”, contra a ascensão de populismos e nacionalismos na União Europeia.

“Para o conseguir, há apenas uma palavra de ordem: vamos todos votar! O que está em jogo para o nosso futuro europeu é enorme. Todos somos chamados a mobilizarmo-nos contra a abstenção e a ascensão dos partidos populistas e nacionalistas”, apelou o MTCE.

O documento foi enviado hoje à Agência ECCLESIA pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), que se associa à mensagem, como membro da MTCE.

O movimento destaca que “nos últimos15 anos, a Europa tem vivido uma sucessão de crises: a crise financeira, a pandemia, a guerra na Ucrânia” e que os impactos têm sido “múltiplos”, nomeadamente as políticas de austeridade, especulação sobre os preços dos alimentos e da energia, inflação sem precedente”.

“Tudo isto foi sentido de forma mais aguda pelos trabalhadores e pelas classes populares. Uma parte significativa da população europeia encontrasse abaixo do limiar de pobreza”, alerta a mensagem.

Para o MTCE, “as políticas neoliberais, cada vez mais autoritárias, seguindo estratégias derivadas das ideias da extrema-direita, nomeadamente em matéria de segurança”, estão a “minar” as democracias, salientando que “um grande número” de concidadãos “exprime a sua cólera, o seu cansaço, ou mesmo o seu desencanto, pois já não se sentem tidos em conta pelas políticas seguidas pelos detentores do poder”.

O Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa realça que “em todos os países europeus, isso reflete-se em elevados níveis de abstenção eleitoral e, ao mesmo tempo, num voto furioso a favor dos partidos populistas e de extrema-direita”.

“A retórica destes últimos é apelativa e as suas ideias estão a ganhar terreno na sociedade e também no mundo do trabalho. No entanto, nunca trabalham no interesse dos seus concidadãos e dos seus trabalhadores”, adverte.

Neste sentido, o movimento realça que estes quadrantes políticos “opõem-se sempre aos grandes projetos de progresso social, quer a nível nacional (em cada país), quer no Parlamento Europeu durante as votações. E a experiência dos partidos populistas no poder, como na Hungria e na Polónia, mostra que contribuem para a erosão dos princípios do Estado de direito”.

Que tipo de Europa queremos para amanhã? Uma Europa que separa os povos, colocando-os uns contra os outros, em detrimento da paz? Uma Europa que permite aos países virarem-se sobre si próprios em detrimento da solidariedade?  Uma Europa sem diretrizes, onde cada Estado pode desenvolver a sua própria política de ‘cada um por si’?”.

Para o MTCE e os movimentos nacionais que o compõem, “seria um erro confundir a União Europeia com as políticas neoliberais que estão a ser seguidas no seu seio, e procurar rejeitar qualquer ideia de uma União Europeia”.

“A nossa visão da Europa é uma visão de partilha de culturas, de valorização da riqueza da nossa diversidade, de educação para a convivência, de solidariedade como força de construção de leis de justiça social e ambiental para todos”, realça.

No final da mensagem, o MTCE reforça as palavras do Papa Francisco, no Parlamento Europeu, em 25 de novembro de 2014, afirmou que tinha chegado o momento de “abandonar a ideia de uma Europa medrosa e voltada para o interior e de criar e promover uma Europa protagonista, portadora da ciência, da arte, da música, dos valores humanos e da fé”.

LJ/OC – Agência ECCLESIA

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