Na manhã do passado dia 7 de abril, Oitava da Páscoa, Domingo da Divina Misericórdia, pelas 10h30, o Arcebispo de Évora presidiu à Eucaristia Solene das Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Nova, que decorre em Terena, concelho de Alandroal, até 9 de abril.

No início da celebração, que foi transmitida em direto pelo canal de Televisão RTP 1, pela Rádio Renascença e pela Rádio Campanário, o Prelado eborense começou saudar todos os presentes, entre autoridades civis e militares, como o Presidente da Câmara Municipal de Alandroal, o Presidente da Junta de Freguesia de Terena, o Comandante do Posto da Guarda Nacional Republicana e o Presidente dos Bombeiros de Alandroal, assim como os muitos devotos de Nossa Senhora da Boa Nova que lotaram a igreja do multissecular Santuário.

“Minhas irmãs, meus irmãos, na alegria de celebrarmos a Eucaristia neste dia da Oitava da Páscoa, neste Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova, por terras do Alandroal, neste Santuário bem marcante na história de Portugal, o primeiro Santuário a sul de Portugal, queremos abraçar na oração todos aqueles que são um connosco”.

À homilia, D. Francisco José Senra Coelho “com alegria” saudou os membros da Confraria da Senhora da Boa Nova “que dinamiza e faz este Santuário permanecer vivo e sempre em presença de comunhão com todo o povo deste querido e amado Concelho do Alandroal”, tendo deixado ainda um “abraço fraterno” a todos aqueles que acompanharam pela transmissão da televisão e da Rádio.

“Hoje, a Palavra do Senhor, o Evangelho, quer-nos apresentar as mãos amorosas de Deus. As mãos que afagam, as mãos que acarinham, as mãos que cuidam de nós, as mãos das nossas mães, as mãos dos nossos pais, as mãos dos nossos avós, as mãos calejadas, as mãos velhinhas. Como não são importantes as mãos”, questionou o Prelado, acrescentando que “beijar as mãos é uma tradição nossa, as mãos de quem nos faz bem, as mãos que nós amamos”.

“Jesus veio apresentar as mãos de Deus. Essas mãos perfuradas com os cravos da cruz, com o frio desse ferro que o pregou à cruz e que, no fundo, nos estão a dizer com tanta clareza, vede até onde chega o meu amor por vós. Vede o que vós valeis para mim. Vede quem vós sois. Sois aqueles por quem eu dou a vida”, desenvolveu, acrescentando que “não se referem apenas ao acontecimento da cruz. São mãos d’Aquele que durante muitos anos, cerca de trinta anos, viveu uma vida oculta, uma vida privada, o filho do carpinteiro, mãos que trabalharam”.

“São as mãos d’ Aquele que iniciou a sua vida transformando nas bodas de Caná a água em vinho. São as mãos d’ Aquele que curou, que libertou, que tocou no leproso, que tocou nas feridas. São as mãos d’ Aquele que acenou para o morto, Lázaro sai para fora. São as mãos que lavaram os pés aos discípulos. São as mãos que se estenderam por nós, naquele coração aberto, de onde jorrou sangue e água, o batismo que faz de nós, abraçados por essas mãos de Deus, trespassadas por nós”, referiu o Prelado, acrescentando que “ao olharmos para essas mãos, aonde estão presentes as marcas da dádiva de Cristo, o rosto do amor eterno do Pai, nós percebemos que somos convidados a ser no mundo de hoje essas mãos”.

Neste sentido, o Arcebispo de Évora convidou todos a “sermos as mãos de Cristo para o mundo de hoje. Junto dos sós, junto dos idosos que por ventura precisam de apoio, junto daqueles que estão caídos nas bermas da estrada, mãos de bom samaritano, mãos que vão ao encontro dos diferentes através da nossa tolerância respeitosa, que faz a comunhão, que faz a cidadania empenhada, que nos faz construtores de um mundo novo, assente na justiça, na fraternidade e na paz”.

De seguida, D. Francisco Senra Coelho sublinhou que “o Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus a pronunciar este desejo, esta oferta: a Paz e esteja convosco”.

“Percebemos que há uma Paz daqueles que percebem que as mãos trespassadas de Cristo foram mãos ressuscitadas pelo Espírito Santo. O Senhor ressuscitado que continua a ter nas suas aparições de ressuscitado as marcas dos cravos, nas mãos, nos pés que caminharam por nós no coração aberto são essas marcas que devem estar no corpo de Cristo da Sua Igreja. Que somos nós a Sua Igreja. Uma Igreja atenta, coração de mãe, coração aberto a todos”, prosseguiu o Prelado, acrescentando que  “fazendo exatamente este encontro através dessas mãos de Cristo, neste Corpo de Cristo que é a Igreja, termos esta capacidade de não permitirmos que as dificuldades, todas as contradições, todas as atitudes contrárias à fraterna solidariedade, à caridade, que crucificaram as mãos de Cristo na cruz, não nos deixem crucificar as nossas da Igreja neste século XXI”.

“Os medos, as perplexidades, tudo aquilo que nos possa paralisar. O Senhor não quer uma Igreja fechada. Estavam fechados com medo de Judeus. O Espírito de Deus pôs a sua Igreja em saída”, explicou, sublinhando que “hoje nós somos essas mãos de Cristo em saída, em humanização, em sentido de proximidade, num gesto sempre atento àquele que necessita ser levantado”.

“A Igreja tem colo, a Igreja tem afago, a Igreja tem ternura, a Igreja tem carinho, a Igreja é mãe. Somos nós essa igreja”, afiançou o Prelado eborense.

“Que no nosso coração nasce a paz, porque é do coração que nasce a paz”, desejou, acrescentando que “há de ser da paz nascida no coração, nessa nascente genuína que é o coração, que há de depois alargar-se, expandir-se assim como um perfume, um aroma. E essa há de ser a paz que faz acontecer e germinar a paz”.

“Nestes dias preocupantes de paz frágil para a Europa e para o mundo, que brote do coração de cada homem e de cada mulher, dos cristãos e dos humanos de boa vontade, este sentido de paz, que é sempre reconciliação, que é sempre perdão como Jesus hoje nos ensina no Evangelho, soprando o perdão sobre eles neste Domingo da misericórdia”, apontou, sublinhando que “a Sua misericórdia exprime-se nesta cruz e nestas mãos perfuradas neste coração aberto para que nós, povo de Deus, com todos os homens e mulheres de boa vontade, sejamos corações de paz e que aconteça no mundo, a partir da nossa cidadania, este grande perfume de paz, esta grande marca de paz”.

“Vamos pedir-lhe nesta Eucaristia ao Senhor, que não sejamos uma Igreja medrosa, fechada em nós próprios, mas uma Igreja proativa com tudo aquilo que é bom para a Humanidade. Uma Igreja que mostra a Cristo, o rosto do amor misericordioso de Deus, neste Domingo da Divina Misericórdia. Nós somos as mãos de Cristo que abraçam o mundo”, sublinhou o Prelado.

“Nestas feridas está também Maria. Aquela que se encontrou com Jesus, aquela que Ele nos deu como Mãe. As suas chagas foram suavizadas pelo olhar de Maria, pela compartilha da sua ternura. Senhora da Boa Nova, Senhora dos prazeres, Senhora do encontro com Cristo ressuscitado, Mãe da igreja, Mãe de todos os homens, Mãe e Senhora da Boa Nova, rogai por nós”, concluiu o Arcebispo de Évora.

No final da Eucaristia, o D. Francisco Senra Coelho agradeceu a dedicação de todos que permitem a realização das Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Nova, tendo ainda deixado um agradecimento pela dedicação do Padre Daniel Jamba, Pároco da Unidade Pastoral de Alandroal, oriundo de Angola, da Arquidiocese de Lubango, e que está também em formação superior na Universidade de Évora. “Obrigado por estares aqui, padres, e acompanhares este povo de Deus”, agradeceu o Prelado eborense.

Na tarde de domingo, às 18h30, aconteceu a saída da histórica e emocionante Procissão do Encontro que conduziu a veneranda imagem de Nossa Senhora da Boa Nova à vila de Terena, abrilhantada pela Banda do Centro Cultural de Alandroal. À mesma hora, saiu ao seu Encontro a Procissão que, vinda da Igreja Matriz, conduziu a imagem de São Pedro, padroeiro da freguesia, acompanhada pela Banda da Sociedade Filarmónica Municipal Redondense.

Ao pôr do Sol, o emotivo Encontro foi acompanhado por vistosa queima de foguetes, tendo sido na ocasião proferido o Sermão, pregado pelo P. Luís Filipe Fernandes.

A chegada de Nossa Senhora à Igreja Matriz foi saudada por fogo de artifício e antes do recolher da Procissão teve lugar, no Adro da Matriz, a Bênção do Santíssimo Sacramento sobre a vila, os campos em redor e todos os peregrinos de Nossa Senhora da Boa Nova, terminando com o toque do Hino de Nossa Senhora pelas duas bandas.

Neste dia 8 de abril, feriado Municipal de Alandroal, após a celebração da Santa Missa, na Igreja Matriz, aconteceu a Solene Procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Nova que, após percorrer as ruas do centro histórico, levou Nossa Senhora de regresso ao seu antiquíssimo Santuário.

A entrada de Nossa Senhora no recinto do seu histórico e majestoso templo foi marcada pela emotiva despedida com o acenar dos lenços brancos e o toque do Hino de Nossa Senhora pela Banda da Escola de Música do Centro Cultural de Alandroal. Após a entrada de Nossa Senhora no seu Santuário, foi celebrada a Santa Missa.

No dia 9 de abril, às 18h00, celebração da Santa Missa, no Santuário, em memória de todos os que, tendo já partido, participaram na organização destas imponentes festividades.

Poderá consultar o programa na íntegra na página de Facebook – Santuário Boa Nova.

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