3 Agosto, 2023 0:04
«As vezes, na vida, é preciso sujar as mãos para não sujar o coração», disse Francisco
Cascais, 03 jul 2023 (Ecclesia) – O Papa visitou hoje a sede da ‘Scholas Cascais’, onde deu a pincelada final ao “maior mural educativo do mundo”, com 3 quilómetros de comprimento, segundo os mentores do projeto.
“Scholas é um encontro, andando, todos, do país que sejas, da religião sejas”, afirmou.
Um jovem guineense e um muçulmano apresentaram o seu testemunho ao Papa, e de improviso Francisco respondeu às perguntas, pedindo que se viva um “respeito dinâmico”, que coloca em movimento.
O Papa, referindo-se à necessidade de transformar o caos em cosmos, incentivou que todos procurem a ajuda dos outros, explicando que “há momentos de crise que são caóticos, uma vida que nunca sentiu o caos é uma vida destilada”.
Francisco recebeu um pincel de presente e deu a pincelada final num mural de 3 quilómetros, que é uma espécie de nova “Sistina”.
‘Scholas Cascais’ informou que o “maior mural educativo do mundo” foi construído por mais de quatro mil pessoas, de cinco mil instituições, criado a partir de “encontros inter-religiosos, intergeracionais e interculturais”, realizados ao longo das últimas semanas, para acolher Francisco.
“Com a participação de 100 organizações da comunidade de Cascais, Portugal, com a participação de 2000 pessoas, que, em grupos de 5 a 10 elementos, criaram coletivamente 300 murais que são reunidos numa única obra”, indica os responsáveis do ‘Scholas Cascais’, sede portuguesa do projeto educativo internacional criado pelo Papa.
O projeto “A Vida Entre Mundos” procura realçar que “a multiplicidade e a diversidade de cada participante, de cada entidade, coexistem numa única obra, e é precisamente o encontro dessa diferença que lhe dá sentido”.
Para este mural, foram utilizados mais de 1500 litros de tinta e 12 mil pincéis, num processo que demorou mais de 500 horas de pintura.
O Papa Francisco ofereceu um ícone moderno do ‘Bom Samaritano’ e recordou que muitas vezes se “prefere a pureza ritual à proximidade humana”.
“As vezes, na vida, é preciso sujar as mãos para não sujar o coração”, afirmou.
Francisco despediu-se com o pedido habitual de orações ou de “boas energia “, a quem não reza, arrancando gargalhadas dos presentes, e abençoou uma Oliveira, no pátio da ‘Scholas’, como símbolo de paz junto de jovens de várias confissões religiosas e não-crentes.
“Estamos muito gratos ao Papa Francisco pelo esforço de nos visitar em Cascais e de partilhar connosco esta experiência educativa que está a mudar as nossas vidas e que nos devolve um Sentido para nos levantarmos e continuarmos a lutar”, assinalam os responsáveis portugueses.
Simbolicamente, o mural acompanhou o pontífice ao longo dos 3 quilómetros finais da sua viagem até à sede da “Scholas’; o Papa tinha um mar de gente à espera em Cascais, para além das pessoas que o esperaram ao longo do percurso.
“É importante perceber que ele é uma parte importante da comunidade. Ele foi o criador de Scholas, faz parte da comunidade e é reafirmar que faz parte disto, acredita no que estamos a fazer e a criar, mais uma vez, com a última pincelada”, disse o coordenador do movimento em Portugal, Francisco Martín, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O coordenador da sublinha que a ideia deste projeto “é conseguir que as pessoas voltem a entrar em contacto com a parte criativa, poética, da sua vida, mas juntos”, tendo cada comunidade sido convidada a expressar “a sua singularidade, mas acabam todos por fazer parte de uma única obra”.
A fundação pontifícia ‘Scholas Occurrentes’ é um movimento educativo internacional lançado globalmente em 2013 pelo Papa Francisco e assume o objetivo de “transformar a educação através de novas metodologias de aprendizagem, utilizando a tecnologia, o desporto e as artes para responder à sede de sentido do mundo”.
O próximo encontro oficial do Papa é no Parque Eduardo VII, para a cerimónia de acolhimento com os peregrinos da JMJ 2023.
OC/CB
Notícia atualizada às 11h31