Um jovem padre, ordenado há menos de um ano, foi assassinado a tiro na passada quarta-feira, dia 7 de Junho. Até ao momento desconhece-se a razão deste crime numa altura em que, na Nigéria, se assiste a uma onda de violência contra a comunidade cristã e que motivou a Fundação AIS a promover, na Quaresma deste ano, uma campanha de sensibilização da opinião pública para esta realidade…
Sinal da violência crescente contra a Igreja na Nigéria, em menos de uma semana, e em duas zonas distintas no maior país de África, dois padres foram atacados por homens armados. O caso mais recente ocorreu neste domingo, dia 11. O Pe. Jeremiah Yakubu, foi raptado por homens armados quando se encontrava na reitoria da paróquia da Santíssima Trindade, em Kardu, diocese de Kafanchan, no estado de Kaduna. Horas mais tarde já no dia de ontem, segunda-feira, 12 de Junho, seria libertado. Menos sorte teve o padre Charles Onomhoale Igechi, que foi assassinado a tiro numa emboscada numa estrada em Ikpoba Pkha, no estado de Edo, na manhã da passada quarta-feira, dia 7 de Junho. Numa mensagem enviada para a Fundação AIS Internacional, D. Augustine Akubeze, arcebispo de Benin, fala em “grande consternação” pela morte violenta do jovem sacerdote. Charles Igechi “foi baleado e morto enquanto regressava ao seu local de trabalho”, informa o prelado, esclarecendo ainda que os responsáveis de segurança já estão a “trabalhar no caso”. Na referida mensagem, o arcebispo pede que “os autores do crime sejam levados à justiça”, e solicita também “as orações” de todos pelo descanso da alma deste padre que tinha sido ordenado há menos de um ano, no dia 13 de Agosto de 2022. Entre outros cargos de responsabilidade, o Padre Charles Onomhoale Igechi era vice-director do colégio de São Miguel, em Ikhuniro. Infelizmente, são cada vez mais comuns as notícias de violência contra pessoas da Igreja na Nigéria. Nos últimos dois meses, tal como a Fundação AIS já noticiou, houve, pelo menos, mais três outros casos de sequestros de sacerdotes, vítimas de emboscadas nos estados de Delta e Imo, no sul e sudeste do país.
Flagelo dos raptos
Todos estes casos ajudam a perceber a importância da campanha ‘SOS Cristãos da Nigéria’, que a Fundação AIS promoveu este ano em Portugal durante a Quaresma. Com cerca de 206 milhões de habitantes, a Nigéria é o país mais populoso de África e também a sua maior economia. Simultaneamente é um dos países onde a perseguição aos cristãos é mais visível. No ano de 2022 foram raptados 28 sacerdotes. E quatro foram assassinados. Mas também há o rapto de jovens, especialmente raparigas. O caso de Leah Sharibu, a jovem cristã raptada de uma escola em Dapchi, há cinco anos, é particularmente chocante. Ainda recentemente, a 15 de Maio, a Fundação AIS assinalou mais um aniversário desta jovem em cativeiro. Leah fez 20 anos de idade e pela sexta vez passou a data em cativeiro. Sequestrada pelo Boko Haram no dia 19 de Fevereiro de 2018, juntamente com cerca de uma centena de colegas da sua escola em Dapchi, Leah é hoje um símbolo da perseguição aos cristãos na Nigéria. Na ocasião, recorde-se, os raptores, pertencentes ao Boko Haram, levaram à força 110 alunas. Todas acabariam por ser libertadas ao fim de poucas semanas. Todas menos Leah, a única cristã do grupo que recusou renunciar à sua fé como os terroristas exigiam. Ficou em cativeiro. Tinha apenas 14 anos de idade.
“SOS Cristãos da Nigéria”
A situação de violência contra os cristãos neste país de África é uma realidade por vezes completamente desconhecida da opinião pública. De facto, na Nigéria, os cristãos são perseguidos não só pelos grupos jihadistas, com particular destaque para o Boko Haram, que procura implantar no norte do país um califado. Além disso, e também dos casos cada vez mais frequentes de raptos, que incidem também bastante em pessoas do clero, nos últimos anos tem crescido o número de ataques a agricultores cristãos pelos Fulani, pastores nómadas muçulmanos que têm vindo a revelar uma agressividade muito preocupante. Este clima de insegurança tem levado a Fundação AIS a reforçar também os projectos neste país. E muitos destes projectos estão ligados ao apoio a comunidades e dioceses que lidam directamente com as vítimas desta violência de carácter religioso. Só na Diocese de Makurdi, por exemplo, há sete campos para deslocados internos, ou seja, pessoas que tiveram de abandonar as suas casas e que, agora, dependem totalmente da ajuda da Igreja para sobreviverem no dia-a-dia.
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