D. Varghese Thottamkara, Vigário Apostólico de Nekemte, alerta para a urgência de negociações entre governo e as tribos étnicas rebeldes de Oromo e Gumuz, de forma a fazer terminar um conflito que já custou centenas de vidas e a fuga de milhares de pessoas. O Bispo, que esteve recentemente de passagem pelo Reino Unido, refere ainda que cerca de 20 por cento das igrejas da sua diocese estão fechadas por motivos de segurança, e agradece a ajuda da Fundação AIS.
“As pessoas estão tão cansadas de sofrer. Elas precisam de uma solução e esperamos que algo saia dessas negociações. Tanto o governo quanto as tribos precisam de pensar no bem do povo”, disse D. Varghese Thottamkara, Vigário Apostólico de Nekemte, sobre a urgência de as autoridades da Etiópia e as forças rebeldes das tribos Oromo e Gumuz darem uma oportunidade à paz. De passagem pelo Reino Unido, no final de Maio, o prelado falou com a Fundação AIS e descreveu o ambiente de violência que continua a marcar a vida das populações locais vítimas de um conflito que tende a eternizar-se. “O governo precisa dizer algo aos rebeldes além de ‘deponham as vossas armas’. Essas pessoas precisam ser reintegradas na polícia e no exército. Elas precisam ser integradas à sociedade”, disse ainda o Bispo. A insegurança na região de Nekemte, cuja vicariato no oeste da Etiópia tem sido descrito como o epicentro da rebelião pelo Exército de Libertação Oromo (OLA), tem provocado o deslocamento em massa das pessoas. Em causa está não só a violência armada, mas também a ameaça constante de sequestros e os toques de recolher impostos na cidade de Nekemte e em outros lugares. Tudo isto está a causar sofrimento nas populações e a ter impacto também na vida da própria comunidade cristã.
Sequestros e Igrejas fechadas
O bispo disse que cerca de 20 por cento das igrejas do vicariato foram forçadas a fechar por motivos de segurança, com muitos dos seus padres em risco por serem da tribo Oromo. Além disso, D. Varghese descreveu dois incidentes em que a sua vida esteve em perigo. Num deles, um carro que seguia à sua frente na estrada foi atingido por diversos tiros. Noutra ocasião, foi retido por rebeldes fortemente armados numa cidade por onde passava. D. Varghese Thottamkara descreveu ainda que padres e irmãs têm sido vítimas de sequestro, com vista ao pagamento de resgate, tendo de abandonar as suas paróquias, nomeadamente as de Shambu, Anger Guten e Kamashi. “É muito doloroso saber que o nosso povo, que passa por tantos problemas, não pode receber os sacramentos”, lamentou o prelado. Na ausência de sacerdotes, muitos fiéis dependem do trabalho e da dedicação dos catequistas, disse ainda, aproveitando a ocasião para elogiar a Fundação AIS pelo apoio que tem vindo a dar à subsistência e formação do clero local, nomeadamente através dos estipêndios de Missa. D. Varghese Thottamkara nasceu na Índia, em 1960, mas está na Etiópia desde 1990. Em Junho de 2013, o Santo Padre nominou-o Bispo do vicariato apostólico de Nekemte, mas esta missão terminará nas próximas semanas, altura em que regressará ao seu país natal para assumir a diocese de Balasore.
Apoio da Fundação AIS
O apoio da Fundação AIS à Igreja da Etiópia não se esgota apenas na ajuda à subsistência dos sacerdotes. Também se materializa, por exemplo, na construção e reconstrução de templos. O caso mais recente ocorreu em Dakaya, uma aldeia no vicariato apostólico de Soddo, no sul do país, cuja capela foi objecto de obras de recuperação e ampliação. Dakaya pertence à paróquia de São Francisco, em Kanafa, e está situada numa região muito rural. A aldeia fica situada a cerca de 15 quilómetros do centro da paróquia e só é acessível por caminhos difíceis em terra batida. A aldeia já tinha uma capela pequena e que estava muito degradada, não permitindo acolher a maioria dos fiéis – cerca de meio milhar – sempre que o padre vinha celebrar a Santa Missa. Mas isso foi já ultrapassado com as obras de beneficiação do edifício e que foram custeadas pela Fundação AIS. “As nossas orações foram ouvidas e a nossa alegria é total”, escreve o Padre Abraham Waza numa carta de agradecimento enviada para a Fundação AIS. “Os nossos fiéis sentem-se em casa. Gostaria de agradecer a todos os benfeitores em nome de toda a população da paróquia. Que Deus vos abençoe. Estamos a rezar por vós! Aprecio muito o vosso amor e o vosso trabalho pelo Reino de Deus”, acrescentou o sacerdote na referida missiva.
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