É um orgulho para a cidade de Évora possuir na Sé o órgão mais antigo de Portugal, em funcionamento ainda com os tubos originais. É assim uma das mais valiosas joias do património português. Com data provável de 1562, é também dos órgãos de tubos mais antigos da Península Ibérica e dos mais relevantes no contexto europeu. Desde 1967, que não era sujeito a intervenções de restauro, tendo então sido restaurado com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. É natural que, passados 55 anos, se sentisse a necessidade de nova intervenção. Em boa hora, a Direcção Regional da Cultura e o Cabido da Sé encontraram um novo mecenas, que agora foi a Associação Japonesa Kamakura-Portugal, interessada também ela na conservação do património musical em Portugal.

Há um fato histórico na vida deste órgão que contribuiu para esta aproximação do Japão a Évora. Foi a primeira embaixada de 4 jovens japoneses que pisaram pela primeira vez solo europeu, no contexto da sua visita ao Papa. Passaram por Évora e Vila Viçosa, a convite do Arcebispo D. Teotónio de Bragança, a 14 de Setembro de 1582, antes de rumarem a Roma. Em Évora, ficaram impressionadíssimos pela dimensão do órgão, técnica do teclado e também pela sua sonoridade, tendo mesmo tocado alguma peça.

Este fato traz a Évora todos os anos muitos visitantes japoneses. O recente restauro é uma oportunidade para que, 441 depois, mãos japonesas também de uma jovem, Mizuki Watanabe (na foto), vão tocar o órgão renascentista, juntamente com o organista da Sé, Rafael Reis, num concerto que incorpora canto, órgão e corneta.

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