Um cristão da Terra Santa, que pede anonimato, afirma que a comunidade sente-se abandonada, perseguida e diz que até falar para a Comunicação Social é “um risco”. Antes da Páscoa, os patriarcas e chefes de igrejas de Jerusalém também deixaram o alerta para o aumento de incidentes anti-cristãos na região…

Numa mensagem curta, com pouco mais de um minuto, mas com o pedido expresso para ser mantido o anonimato, um cristão da Terra Santa denuncia à Fundação AIS o aumento da violência na região e descreve um sentimento de desproteção e de medo. “Sentimo-nos abandonados, estamos sozinhos, e ninguém faz nada. Muitas igrejas foram destruídas, queimadas, roubadas, e ninguém faz nada.” Na mensagem, este cristão refere que o clima de receio que se sente na região leva até a evitar o contacto com os jornalistas, com os Meios de Comunicação Social, fala numa situação de “gravidade” e pede para o mundo agir, antes que seja “muito tarde”. “Sentimo-nos perseguidos, rodeados e debaixo de controle. Temos já medo de fazer dano às nossas famílias, aos nossos amigos, párocos, e por isso preferimos ficar calados, confiando em Deus que um dia as coisas vão melhorar… mas já não vamos mais falar aos meios de comunicação porque é um risco para nós. Espero que o mundo entenda a gravidade da situação, porque a Terra Santa não é só nossa, é do mundo inteiro, e se não actuarem vai ser muito tarde…”

Alerta dos chefes religiosos

Esta mensagem recebida em Lisboa pela AIS, acontece após o alerta dos patriarcas e chefes de igrejas na Terra Santa que, antes da Páscoa e numa declaração conjunta enviada para a Fundação AIS Internacional, alertavam também para o aumento de ataques anti-cristãos na região. “Como todos temos visto nos últimos meses, a escalada da violência tem engolido a Terra Santa. Os cristãos locais, em particular, têm sofrido adversidades crescentes”, pode ler-se no texto em que são referidos ataques e diversas situações de hostilidade para com a comunidade cristã nos últimos meses.

“No ano passado, algumas das nossas igrejas, procissões fúnebres e locais de reunião pública tornaram-se alvos de ataques. Alguns dos nossos lugares santos e cemitérios foram profanados e algumas das nossas antigas celebrações litúrgicas, tais como a procissão do Domingo de Ramos e a Cerimónia do Santo Fogo, foram encerradas a milhares de fiéis. Tudo isto, apesar dos nossos acordos de cooperação com as autoridades governamentais e de satisfazer quaisquer pedidos razoáveis que estas possam apresentar”, dizem ainda os patriarcas e chefes de igrejas na referida declaração conjunta.

Apelo para a segurança e liberdade

No documento, os responsáveis religiosos apelam à defesa da comunidade cristã local que tem vindo a diminuir consideravelmente nos territórios palestinianos, ao contrário do que acontece em Israel. Segundo o mais recente relatório da Fundação AIS “Perseguidos e esquecidos?”, publicado no ano passado, em Israel a população cristã cresceu cerca de 1,4% em 2021, nos territórios palestinianos verifica-se uma curva cada vez mais descendente. Em 1948, antes da criação do Estado de Israel, os cristãos representavam cerca de 18% da Cisjordânia. Agora são menos de 1%… Face a esta realidade, os líderes religiosos cristãos signatários da declaração conjunta pedem a compreensão de todos para haver segurança e liberdade religiosa na região. “Apelamos à comunidade internacional e aos residentes locais de boa vontade para defenderem em nosso nome a segurança, o acesso e a liberdade religiosa da comunidade cristã residente e dos milhões de peregrinos cristãos que visitam anualmente a Terra Santa”, afirmaram os líderes cristãos lembrando que a “última esperança” está no poder divino que sustenta a comunidade de hoje tal como “sustentou os primeiros cristãos em Jerusalém há tantos séculos atrás” …

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS 

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