O jovem marroquino que matou, no passado mês de Janeiro, um sacristão e feriu um sacerdote em Algeciras, vai ser internado numa unidade psiquiátrica para avaliação do seu estado mental, apesar de estar a ser investigado como potencial terrorista jihadista.
Yassine Kanjaa, que matou o sacristão Diego Valencia e feriu um sacerdote durante um ataque a duas igrejas em Algeciras, Espanha, no dia 25 de Janeiro, vai ser internado numa unidade psiquiátrica ligada à estrutura penitenciária do país vizinho para avaliação do seu estado mental. A decisão foi tomada pelo juiz Joaquin Gadea, na sequência de um relatório de peritos forenses que indicam que ele possa ter uma “possível desordem delirante”. Segundo o semanário católico Alfa&Omega, que cita uma informação da RTVE, esse diagnóstico, a ser confirmado, poderá levar a um “internamento num centro psiquiátrico”. O jornal sublinha que esta decisão, agora conhecida, para avaliação psiquiátrica, “não é uma questão trivial”, pois poderá vir a determinar até a inimputabilidade do réu, apesar de o juiz estar a investigar o jovem marroquino, de 25 anos de idade, como um potencial terrorista jihadista. De facto, as provas recolhidas até ao momento, assim como os locais do ataque – duas igrejas – e as vítimas do agressor, um sacristão e um sacerdote, sugerem que o ataque terá tido efectivamente uma motivação terrorista.
O ataque às Igrejas
Munido de uma catana, Yassine Kanjaa atacou na tarde de 25 de Janeiro, uma quarta-feira, duas igrejas católicas no centro da cidade de Algeciras, situada na província de Cádis, na Andaluzia, muito perto de Gibraltar. Segundo relatos publicados então na Imprensa, o jovem dirigiu-se às igrejas aos gritos de “Alá”, tendo agredido com a arma diversas pessoas. Diego Valencia, sacristão da Igreja de Nossa Senhora da Palma, foi a única vítima mortal, tendo o Padre Antonio Rodriguez Lucena, um salesiano de 74 anos de idade, que se encontrava na outra igreja, de Santo Isidro, que pertence à paróquia de Maria Auxiliadora, ficado gravemente ferido, tendo sido encaminhado para uma unidade hospitalar local para uma cirurgia de emergência. O sacristão “conseguiu ainda sair da igreja, mas foi apanhado no exterior pelo atacante que lhe infligiu vários ferimentos mortais”, segundo relatou, horas depois do incidente, o ministro do Interior de Espanha. Diego Valencia, casado, com filhos, era uma pessoa muito estimada na zona e tinha uma loja de venda de flores.
Os alertas do presidente da Fundação AIS
A Fundação AIS expressou prontamente a sua solidariedade para com as vítimas deste ataque terrorista, o primeiro ataque mortal jihadista em igrejas no país vizinho. Perante este ataque, que sobressaltou a comunidade cristã, Thomas Heine-Geldern, Presidente Executivo internacional da Fundação AIS, destacou a importância de se proteger o direito à liberdade religiosa. “As instituições e a opinião pública não podem permanecer impassíveis, nem subestimar acontecimentos assim tão trágicos. Temos de nos perguntar se estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para impedir tudo o que alimenta este ódio”, diz Heine-Geldern. Um ódio que, lembra ainda o presidente da AIS tem feito “inúmeras vítimas em todo o mundo, em particular nos últimos anos especialmente na África subsariana.” “Também na Europa – acrescenta –, tais ataques estão a tornar-se cada vez mais frequentes.”
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS