O Tríduo Pascal está a ser vivido em pleno na Catedral de Évora, assim como por toda a Arquidiocese.

No Sábado Santo, dia 8 de abril, pelas 21h30, na Basílica Metropolitana, o Prelado Eborense preside à Solene Vigília Pascal.

Acompanhe no facebook da Arquidiocese de Évora a transmissão: https://www.facebook.com/arquidiocesedeevora

HOMILIA SOLENE VIGÍLIA PASCAL

Catedral de Évora, em 8 de abril de 2023

. Excelência Reverendíssima Senhor D. José Alves

. Reverendíssimos Senhores Cónegos, e demais Sacerdotes

. Caros Diáconos

. Estimados Seminaristas

. Meus irmãos e minhas irmãs,

. Uma saudação muito amiga, nesta noite de Vigília Pascal, para todos vós com votos de Santas Festas Pascais na alegria do Senhor Ressuscitado!

. Uma saudação muito particular à Comunidade Cristã de São Brás desta nossa cidade de Évora, que vê, nesta noite santa, a sua comunidade aumentada com estas duas catecúmenas que, nesta celebração, irão receber os Sacramentos da Iniciação Cristã.

       1. Eis o grande pregão desta noite; o feliz anúncio que ecoa neste templo e que ressoa por toda a terra: «Não está aqui!» (Lc 24, 6). Esta é a «proto-notícia» da Ressurreição, dada pelos «proto-mensageiros» da Ressurreição. Jesus não está aqui, ou seja, não está ali, no lugar da morte. Ele agora está aqui, nesta grande, extensa e intensa liturgia. Está no Lume Novo, pois: Ele é o Lume sempre novo; está na Liturgia da Palavra, pois é Ele que fala ao ser proclamada na Igreja a Sagrada Escritura; está na Liturgia Batismal, que iremos celebrar dentro de momentos, pois quando alguém batiza é Cristo que batiza; está na Liturgia Eucarística, fonte e cume da vida cristã; está presente hoje, aqui, na Igreja que reza e canta, pois Ele prometeu «Onde estiverem dois ou três reunidos, em meu nome, Eu estou no meio deles».  É, por isso, que «angelus», que se traduz por anjo, significa mensageiro. Nós somos, pois, anjos da ressurreição, mensageiros contínuos e sem desfalecer da Ressurreição.

       A Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias, é também a mãe de todos os mensageiros. Como dizia São João Paulo II, «nós somos o povo da Páscoa e o Aleluia é o nosso cântico». Cantamos o Aleluia com os lábios para nunca deixar de cantar o «aleluia» com a vida.

       2. É na Páscoa que começa a vida cristã. Por isso, o Batismo é um sacramento eminentemente pascal. E quem começa a viver em Páscoa não pode parar, tem de percorrer a vida com Cristo até ao fim, conduzindo-se pela sua Palavra, fortalecendo-se no dom do Espírito Santo, que continuamente nos unge pelo Óleo do Crisma, pelo Sacramento da Confirmação e alimentando-se no Pão da Eucaristia.

       Se as trevas podem descer durante o dia, também o sol pode brilhar durante a noite. Foi o que aconteceu nesta noite,  há dois mil anos: «A meia-noite, um clarão de sol penetrou nas trevas e todos os recantos do Hades tornaram-se luminosos». É, pois, tempo de olhar novamente para esse «clarão de sol» e de nunca deixar de escutar o «ide por todo o mundo anunciar o Evangelho» (Mc 16, 15).

3. Jesus está sempre connosco (cf. Mt 28, 20). Os nossos problemas começam quando não estamos com Jesus. De fora continuarão a vir interpelações. Mas é de dentro que, não raramente, emergem os maiores obstáculos. Identificá-los torna-se uma prioridade. E removê-los desponta como um imperativo. Não esqueçamos jamais que a essência do Cristianismo — como recorda Bento XVI — «é uma história de amor entre Deus e os homens».

       É esse amor que foi selado na Cruz e «explodiu» — imparavelmente — na manhã da Ressurreição. É, por isso, que a Igreja deve acender um sorriso no rosto, ainda que se veja dilacerada por torrentes de pranto. A Igreja não é o sol. Mas é chamada a aquecer os que a vida faz arrefecer com o desamparo e a injustiça. Apesar de tudo, é possível ver a Primavera a despontar na Casa de Deus.

       Afinal, todas as coisas se podem alterar. «Sim, até o pecado», como comentava Santo Agostinho. Deixemos, então, que Cristo Se forme em nós (cf. Gál 4, 19). O que equivale a dizer que também é urgente que nós nos (trans)formemos em Cristo. O objectivo é que — adverte o Mestre Eckhart — «nos revistamos da forma de Cristo». De tal modo que «em nós se encontre um reflexo de todas as obras de Jesus e do Seu ser e operar».

       Não nos enterremos na noite. Também na bruma pode irromper a luz… Paulo lembra que «a virtude se aperfeiçoa na fraqueza» (2Cor 12, 9). Deus não desiste de nós. Deus não é movido por nada «a não ser pela Sua própria bondade». Daí que a nossa prioridade tenha de ser cuidar dos que foram feridos. É pela «porta das feridas» (Tomás Halík) que Jesus Ressuscitado Se revela (cf. Jo 20, 27). Foi por essa «porta das feridas» que Tomé voltou da incredulidade à fé (cf. Jo 20, 28). Só as «feridas» de Cristo curarão as feridas de tantos (cf. Is 53, 5; 1Ped 2, 24), de todos nós afinal!

Nunca digamos, pois, «Cristo viveu». Digamos e proclamemos sempre «Cristo está vivo», connosco. Ele é sempre o Emanuel! Com o Papa Francisco, também nós dizemos: «CRISTO VIVE!, ALELUIA, ALELUIA». Vivamos com Ele, Aleluia! Aleluia!

+ Francisco José Senra Coelho

Arcebispo de Évora

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