A IMPORTÂNCIA DA PASTORAL DA SAÚDE NA PARÓQUIA
Esta ideia de Deus que temos construído da nossa vida, ou que talvez nos tenham ajudado a formar, nem sempre está de acordo com a ideia de um Deus clemente e compassivo, que não nos quer ver sofrer, que tudo faz para que não soframos, e que está bem retratada na imagem de Deus Pastor: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância. Eu sou o Bom Pastor, dou a vida pelas minhas ovelhas” (Jo. 10, 10-11).
A Pastoral da Saúde é fazer presente o amor compassivo do Pai; é fazer presente a solicitude de Cristo – o Bom Pastor; é proporcionar “a vida em abundância” a todos membros da comunidade, mas particularmente aos doentes; é levar-nos ao encontro de Cristo caminho, verdade e vida. Aqui está importância que os membros de uma comunidade paroquial têm na colaboração com o seu pároco no desenvolvimento de uma pastoral desta natureza: manter viva e atuante no doente a fé em Deus. Como membros da comunidade paroquial é necessário que nos aproximemos daqueles que sofrem.
O próprio Cristo sentiu necessidade da presença de alguém que lhe desse apoio. Escolheu Pedro, Tiago e João. Os três, infelizmente, acabaram por dormir: «Não fostes capazes de vigiar uma hora?» (Mc 14,37).
A nossa fragilidade humana leva-nos também a adormecer na vida em relação a muitos aspetos, mas a necessidade da presença de Deus na nossa vida pode ser realizada através dos irmãos que nos visitam nos momentos maios críticos da nossa existência e nos trazem esta Boa Nova. Deus compreende as nossas fragilidades e ajuda-nos a percorrer um caminho de vida nova. É neste sentido que os membros de uma comunidade paroquial podem fazer um percurso de ajuda com cada um dos doentes que visitam.
Um dos desafios do Santo Padre na Mensagem do Dia Mundial do Doente deste ano é: «Trata bem dele!» (Lc 10, 35): é a recomendação do samaritano ao estalajadeiro. Mas Jesus repete-a igualmente a cada um de nós …«Vai e faz tu também o mesmo».
Podemos encontrar uma semelhança bastante evidente entre os amigos de Job e os agentes da pastoral da saúde que é a disponibilidade, ou seja, eles perceberam a necessidade de Job e, mesmo movidos muito mais pela curiosidade, foram ao seu encontro. «Nesse meio tempo, os três amigos de Job ficaram a saber de todas as desgraças que o tinham atingido. Eram eles: Elifaz de Teman, Bildad de Chua e Sofar de Naamá (cf. Job 2,11). Todos tinham certeza de que poderiam fazer alguma coisa pelo amigo. Não sabiam como, mas queriam ajudar. Mas apesar de tudo os amigos merecem elogios, pois diante de tanto sofrimento, mesmo querendo dizer algo, foram capazes de permanecer em silêncio. Desafio grande para os agentes que gostam de falar e aconselhar.
O que podemos fazer nesta área deve ser inspirado no amor que Jesus manifestava com os doentes. A Sua relação com os mais frágeis inspira-nos: Jesus na relação pessoal com o doente, desperta nele a confiança e suscita a esperança, acorda as suas energias ocultas ou adormecidas, restitui-lhe o sentido da dignidade, faz-lhe recuperar a vontade de viver e de fazer o bem, oferece-lhes um sentido para a vida. Assim a cura não significa apenas sarar de uma enfermidade física ou mental, mas um abrir-se da pessoa a Deus e aos outros, um recomeçar a viver numa nova dimensão, com um coração novo e com um renovado entusiasmo.
Com que meios o podemos fazer hoje? Com a nossa presença, a oração, a Palavra e a Eucaristia.
João Mendes