Isabel Vaughan-Spruce, directora de uma organização de defesa da vida, a “March for Life”, vai ter de comparecer em Tribunal a 2 de Fevereiro, depois de ter sido detida a 6 de Dezembro do ano passado pela polícia de Birmingham por estar a rezar na rua, embora de forma silenciosa, junto a uma clínica de abortos nesta cidade britânica.

Acusada de estar a violar uma zona de “protecção de espaço público”, que a autarquia criou para evitar desacatos ou manifestações junto à clínica, Vaughan-Spruce, de 45 anos de idade, foi revistada e detida no local pelos agentes da autoridade e levada para uma esquadra para identificação.

Posteriormente, a 15 de Dezembro, foi formalmente acusada de quatro crimes de “incumprimento de ordens”, relacionados com a zona de exclusão criada em torno da clínica.

A activista está a ser vítima de uma nova lei existente no Reino Unido que criminaliza as pessoas “envolvidas em qualquer acto de aprovação ou desaprovação ou tentativa de aprovação ou desaprovação” em relação ao aborto, inclusivamente por “meios verbais ou escritos, oração ou aconselhamento…”.

Como ficou documentado em vídeo na altura da detenção, a directora da “March for Life” não estava a segurar nenhum cartaz nem possuía qualquer elemento identificador. Estava apenas no passeio, em silêncio, a rezar, tal como explicou ao agente da polícia que a abordou em resposta a uma denúncia apresentada às autoridades.

Questionada se estaria a rezar, ela respondeu: “Posso estar a rezar na minha mente”. E foi detida. “É completamente errado que eu tenha sido revistada, presa, interrogada pela polícia e acusada simplesmente por rezar mentalmente. Eu estava a exercer a minha liberdade de pensamento, a minha liberdade de religião, dentro da privacidade de minha própria mente. Ninguém deve ser criminalizado por pensar e rezar num espaço público no Reino Unido”, disse Isabel Vaughan-Spruce, após a sua prisão, em declarações citadas pela agência Gaudium Press.

“A minha fé é uma parte central de quem eu sou, então às vezes eu fico de pé ou caminho perto de uma clínica de aborto e rezo sobre esse assunto. Isso é algo que tenho feito praticamente todas as semanas, nos últimos 20 anos da minha vida. Rezo pelas minhas amigas que fizeram aborto e pelas mulheres que estão a pensar fazê-lo”, acrescentou.

No mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, editado pela Fundação AIS em Abril de 2021, é referido que no Ocidente tem havido um aumento da “perseguição educada”, um termo cunhado pelo Papa Francisco para descrever como novas normas e valores culturais podem entrar em profundo conflito com os direitos individuais e a liberdade de consciência e relegar a religião para “os recintos fechados das igrejas, sinagogas ou mesquitas”.

Ainda esta semana, o Santo Padre fez uma referência às discriminações de que os cristãos são vítimas “também em países onde eles não são uma minoria”, como é o caso da Europa.

Falando perante o Corpo Diplomático no Vaticano, o Papa Francisco lembrou que “a liberdade religiosa é ameaçada também onde os crentes veem reduzida a possibilidade de expressar as próprias convicções no âmbito da vida social, em nome duma equivocada noção de inclusão”. E acrescentou: “A liberdade religiosa, que não se pode reduzir à mera liberdade de culto, é um dos requisitos mínimos necessários para se viver dignamente, e os governos têm o dever de a proteger e de garantir a toda a pessoa, de modo compatível com o bem comum, a oportunidade de agir segundo a própria consciência inclusive no âmbito da vida pública e no exercício da própria profissão”.

No Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, editado pela Fundação AIS em Abril de 2021, é avaliada a situação do Reino Unido e as perspectivas de futuro no que diz respeito à liberdade religiosa, e pode ler-se que “o elevado nível de hostilidades sociais contra membros de grupos religiosos permanece profundamente preocupante”.

O documento refere ainda que “continua a haver desconforto em algumas partes da sociedade quando se manifestam opiniões religiosas que entram em conflito com as normas actuais e progressistas sobre género e sexualidade”, algo que já tinha sido reportado anteriormente.

De facto, no Relatório de 2018 a Fundação AIS já referia que os indivíduos e as instituições estavam “a ser penalizados por expressarem uma visão religiosa tradicional da moralidade, mesmo quando feita objectivamente e sem nenhuma intenção de causar ofensa”.

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Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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