O encontro de hoje, 1 de Fevereiro, do Papa Francisco com vítimas da violência de grupos armados, principalmente no leste do país, é destacado pelo Núncio Apostólico em entrevista ao secretariado espanhol da Fundação AIS.

A visita do Santo Padre à República Democrática do Congo poderá vir a ter um significado muito importante para o futuro deste país de África, onde existe a maior comunidade de católicos em todo o continente. Para o Núncio Apostólico, Arcebispo Ettore Balestrero, a superação dos inúmeros problemas com que se debate a população, desde a violência extrema principalmente na região leste, à pobreza escandalosa num dos países mais ricos do mundo, terá de passar pela reconciliação. E é por isso que o Papa definiu como lema para esta viagem “todos reconciliados em Jesus Cristo”.

Próximo das pessoas

Esta viagem era para ter acontecido em Julho do ano passado, mas teve de ser adiada por motivos médicos, relacionados com o joelho do Papa. Já na altura, o Santo Padre fazia questão de se encontrar com vítimas da violência de bandidos armados e grupos terroristas, situação que é particularmente preocupante na região leste do país. Esse encontro vai acontecer hoje, dia 1 de Fevereiro, precisamente na sede da nunciatura, em Kinshasa, a capital. “Este encontro é uma oportunidade para o Papa Francisco mostrar que está próximo destas pessoas, por todo o sofrimento e massacres que sofreram nos últimos trinta anos e que continuam a ter lugar hoje”, explica o Núncio Apostólico.

Acabar com o ódio

O Arcebispo Ettore Balestrero diz ainda que “o Papa deseja consolar o povo, condenar os ataques, pedir perdão a Deus por todos estes assassinatos”. E acrescenta: “Ele quer convidar e encorajar todos à reconciliação, razão pela qual o lema da visita é ‘Todos reconciliados em Jesus Cristo’”. Na entrevista, ao telefone, para a Rádio, o Núncio utilizou o próprio nome do país para explicar o sonho do Santo Padre. “Este país recebe o seu nome do grande rio Congo. O Papa quer transformar o rio do ódio e da violência num oceano de justiça e reconciliação. Ele quer reforçar a noção de que o futuro precisa de ser construído com outros e não contra eles. E a sociedade congolesa espera que o Papa ajude a mostrar ao mundo que a RDC não é um problema sem esperança, mas uma urgência moral que não pode ser esquecida”, disse ainda o Arcebispo Ettore Balestrero.

Níveis elevados de pobreza

Na entrevista à Fundação AIS de Espanha, D. Balestrero fez um retrato breve da República Democrática do Congo, sublinhando que este é um país em sofrimento. Socialmente, explica o Núncio, o país sofre “de corrupção, tem níveis muito elevados de pobreza e há uma necessidade desesperada pela paz, especialmente no leste”. Mas há muitos outros desafios urgentes. “Há 5,5 milhões de deslocados internos e 500 mil refugiados”, diz o prelado, lembrando que “metade da população, cerca de 50 milhões de pessoas, tem menos de 18 anos de idade”. Apesar de ser um país jovem e rico, com muitos recursos naturais “que hoje são extremamente importantes para a transição ambiental”, a República Democrática do Congo “precisa de ajuda, precisa de mais desenvolvimento e de mais maturidade em termos de consciência democrática”.

“Obrigado, AIS”

Na entrevista, o embaixador da Santa Sé na RD Congo fez questão de agradecer também toda a ajuda que tem sido dada à igreja deste país africano, nomeadamente pela Fundação AIS. “É muito importante, porque é uma ajuda concreta. É por isso que gostaria de aproveitar esta oportunidade para, mais uma vez, agradecer à AIS e encorajar a fundação a continuar. As necessidades e emergências são imensas por aqui. Agradeço que a Fundação AIS continue a ajudar, e também pela cooperação com a Nunciatura, para que a ajuda seja sempre cada vez mais eficaz”, disse D. Ettore Balestrero.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS |

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