A situação nos cuidados de saúde na Síria agravou-se nos últimos tempos com o aparecimento de diversos surtos de cólera em todas as 14 províncias do país. O Arcebispo Greco-Católico Melquita de Alepo, mostra-se muito preocupado com este surto de cólera, que estará relacionado com a utilização de água imprópria para consumo e que já causou, segundo os últimos dados divulgados pelas Nações Unidas, mais de 90 mortos, havendo mais de 35 mil casos suspeitos já relatados às autoridades.
Num contexto de enorme pobreza e com infraestruturas na área da saúde destruídas ou não totalmente operacionais em resultado dos quase 12 anos de guerra civil, este surto de cólera na Síria é mais um sinal preocupante a que a Igreja está a dar toda a atenção.
D. Georges Masri, numa recente visita à sede internacional da Fundação AIS, na Alemanha, revelou a sua inquietação especialmente pelos idosos e pelas populações mais pobres da Síria. O aumento dos preços dos bens essenciais, resultado de uma inflacção que tem vindo a crescer quase de dia para dia, também está a ter consequências dramáticas ao nível dos cuidados primários de saúde.
“A situação afecta especialmente os idosos, devido ao aumento do preço dos remédios. Muitos deles precisam tomar vários medicamentos todos os dias, para diversas doenças”, explica o prelado. Após a epidemia do Covid19, este surto de cólera, detectado já em todas as províncias, vem agravar este quadro muito negativo na área da saúde. A destruição dos hospitais e unidades de saúde por causa da guerra, o encerramento de fábricas estatais de medicamentos, o custo elevado das operações médicas e a falta de profissionais neste sector, são alguns dos sinais que preocupam mais os responsáveis da Igreja. “Precisamos de jovens que estudem medicina e que fiquem no país”, diz D. Georges Masri.
A verdade é que muitas famílias têm optado por não comprar os medicamentos de que precisam ou de realizar as intervenções médicas necessárias por falta absoluta de recursos financeiros. Esta é uma realidade que está a ganhar contornos assustadores. Procurando auxiliar as populações mais carenciadas, a Igreja decidiu reforçar o seu empenho na Pastoral da Saúde e no trabalho junto dos doentes. A Fundação AIS está a apoiar este serviço aos mais carenciados, nomeadamente através da construção de uma farmácia em Alepo para ajudar na distribuição de medicamentos à população. Apesar de ser uma farmácia da Igreja católica, ela está aberta a todo o publico.
A situação particularmente vulnerável dos idosos também tem merecido uma atenção especial. O Arcebispo Greco-Católico Melquita de Alepo fala num esforço grande para que os mais velhos possam ter uma vida tão normal quanto possível, apesar das dificuldades extremas que o país atravessa.
Uma das iniciativas levadas a cabo pela Igreja em Alepo, realizada com o apoio de grupos de leigos e de escuteiros, foi proporcionar momentos de lazer aos mais idosos, contribuindo para a melhoria da sua saúde física e espiritual. “Tem sido incrível para eles”, diz o Bispo. “Eles regressam a casa carregados de energia. Um deles – acrescenta o prelado – contou mesmo a um sacerdote ter sido a primeira vez na vida que tinha saído da cidade de Alepo… Por tudo isto, a nossa gratidão aos benfeitores da Fundação AIS é profunda…”
Face à situação tão delicada em que se encontram as populações a Síria, mas também do Líbano, a Fundação AIS em Portugal decidiu lançar neste Natal uma campanha de solidariedade para com os cristãos destes dois países.
Nesta campanha o apoio na área da saúde é dos mais significativos. Mas não só. Há diversos projectos destinados a minorar o sofrimento das populações, com iniciativas concretas ao nível da distribuição de alimentos, mas também na educação, no apoio aos doentes, nomeadamente em hospitais psiquiátricos e nos cuidados de saúde primários, e ainda na ajuda a casais jovens. O apoio à habitação e aquisição de combustível, em especial para o aquecimento das casas, também não foi esquecido.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS