O exemplo de José

No último Domingo deste tempo de Advento, surge-nos a figura de José. É a terceira personagem imprescindível do presépio.
O papel de José é feito de silêncio e generosidade. Confrontado com factos surpreendentes, assume-os como projecto de Deus e consagra-lhes a vida.
Jesus foi, na sua humanidade, moldado pelo papel paterno deste homem discreto e generoso, fiel e prudente. Na compaixão de Jesus perpassa a ternura de José; na sua firmeza, a integridade do exemplo paterno; no seu amor, a doação daquele carpinteiro à missão que Deus lhe confiou.
José recorda-nos que, em boa parte, a grandeza de um homem (ou mulher), não se mede pela vida que escolhe, mas pela forma como abraça o que a vida lhe dá.


Alegria feita de futuro

A alegria não é só consequência de um bom resultado, de uma vitória já obtida ou de uma meta alcançada, mas pode ser também – e é-o muitas vezes – expressão de uma esperança realista; uma antecipação de um bem futuro, cujos indícios já se deixam ver.
O terceiro Domingo do Advento convida-nos a essa alegria. Ela é proclamada por Isaías: “Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria”.
Perante os sinais do Reino que começam a aparecer pela acção de Jesus, confirmam-se as razões para essa alegria.
Na espiritualidade deste tempo, a alegria está sempre lá. Não porque vivamos num mundo perfeito, nem porque sejamos uma Igreja de santos. Mas porque sabemos carregar, na nossa debilidade, na sempre precária e frágil vida humana, as sementes da presença deste Deus que insiste em vir ao nosso encontro. Não somos ainda. Mas já sabemos poder chegar a ser. Esta é uma alegria cheia de futuro.


Que pessoa quero ser?

O Advento irrompe vida dentro com uma poderosa interpelação: “Vigiai”.
Este abanão inicial pretende fazer isso mesmo: abanar-nos, despertar-nos e motivar-nos para um caminho de mudança e de transformação da vida.
Na cultura contemporânea há movimentos sociais, políticos e culturais muito centrados no objectivo de nos ‘acordar’ e consciencializar para a construção de um mundo mais justo e igualitário. Têm boas intenções. Mas enfermam de um equívoco: insistem em mudar os “outros”.
A proposta cristã que nos chega em cada Advento é muito mais consistente, eficaz e realista: propõe que comecemos por nos mudar a nós próprios, começando por um processo de auto-conhecimento, de consciência do nosso lugar e missão e, sim, da nossa relação com quem melhor nos pode ajudar: o Deus que se fez (e volta a fazer-se) Menino. Com Ele aprenderemos a ser a melhor versão de nós próprios. Comecemos por aí.

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