“Pedimos orações a todos os nossos benfeitores e amigos para a libertação imediata do Padre Ha-Jo. Ele é um construtor de paz no meio da violência e do terrorismo. A nossa Fundação tem apoiado a sua missão nos últimos anos e agora ele precisa das nossas orações e solidariedade”, afirmou ontem Thomas Hene-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação AIS, mal se confirmou a suspeita de que o Padre Hans-Joachim, da Sociedade dos Missionários de África [também conhecidos como Padres Brancos], tinha sido sequestrado em Bamako, a capital do Mali.
“Além das orações, a AIS encoraja a comunidade internacional a fazer todos os possíveis para aliviar a situação causada pelos jihadistas nas populações do Sahel que estão a sofrer, não apenas no Mali mas também nos países vizinhos”, afirmou ainda Heine-Geldern num comunicado emitido em Köignstein, a sede da Ajuda à Igreja que Sofre. “O que está a acontecer é uma tragédia, uma ferida aberta no mundo”, disse ainda o presidente da instituição.
O Padre Hans-Joachim Lohre, também conhecido entre os amigos como Ha-Jo, desenvolvia um importante trabalho ao nível do diálogo inter-religioso, leccionando no Instituto de Educação Cristã-Islâmica, e a sua missão era apoiada pela Fundação AIS.
O sacerdote alemão terá sido raptado, de acordo com as primeiras informações disponíveis, no domingo perto da escola onde trabalhava e num momento em que se preparava para celebrar uma missa numa Igreja na região. O seu automóvel foi encontrado abandonado e a cruz que ele trazia sempre consigo estava no chão.
A notícia do rapto deste missionário é alarmante e é um sinal também da deterioração das condições de vida para a comunidade cristã neste país africano.
O padre alemão estava bem ciente, no entanto, dos riscos que corria por estar no Mali. Ele próprio o referiu em diversas entrevistas: “Avisaram-nos que os jihadistas estão a observar-nos”. No entanto, apesar de saber que poderia, por exemplo, vir a ser raptado, como aconteceu agora, o Padre Joachim não se desviava do essencial: o trabalho como missionário.
Em entrevistas à Fundação AIS, explicou o que entendia ser o seu dever como missionário. “A questão é-nos dada no Evangelho”, disse numa ocasião, acrescentando que “é isso que dá sentido à nossa vida”. “Vemos que o importante não é viver muito ou pouco, fazer muito ou pouco; mas sim, que aquilo que se faz tem como significado fazer do mundo um lugar melhor.”
Ainda recentemente, numa mensagem gravada durante uma visita à sede internacional da Fundação AIS, o Padre Hans-Joachim Lohre lembrou a importância de se cultivar o diálogo entre religiões, mesmo num ambiente relativamente hostil como acontece desde há vários anos no Mali. “Há quase 30 anos que vivo no Mali, na África Ocidental, mais precisamente em Bamako, onde temos um grande centro para o Diálogo Cristão-Muçulmano, que forma leigos, padres e religiosas nos estudos islâmicos. Damos-lhes um conhecimento aprofundado do Islão. Assim, quando regressarem à sua comunidade, poderão construir pontes para terem contacto com as mesquitas das proximidades. Existem fortes correntes fundamentalistas no Mali neste momento, mas a grande maioria quer apenas viver em paz. Por isso, é essencial que nós fomentemos uma boa relação com os muçulmanos que nos rodeiam.”
A Fundação AIS apoiou, só nos últimos três anos, mais de sete dezenas de projectos no Mali, que incluem encontros de formação organizados pelo centro do Padre Joachim Lohre.
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