Grupos radicais, ligados ao movimento Mapuche, incendiaram na madrugada de quinta-feira, 10 de Novembro, uma capela dedicada a São José situada em Villa Cautín, pertencente à comunidade paroquial de São Francisco de Assis, na região de La Araucanía, no sul do Chile.
A Diocese de Temuco, a que pertence a comunidade paroquial, condenou de imediato este ataque que vem perturbar os esforços de paz na região, onde existe um conflito entre grupos indígenas Mapuche e o Estado por causa de reivindicações de terras.
A capela ficou completamente destruída e, como lamentou a diocese, num comunicado de Imprensa a que a Fundação AIS teve acesso, as chamas consumiram “mais de 60 anos de história”.
Segundo o pároco local, Mario Enrique Ross, a capela era semelhante às que existem na região. Relativamente pequena, foi dos primeiros templos a serem erguidos na paróquia de São Francisco de Assis da Floresta Negra, e tinha sido construída em madeira. Normalmente, cerca de seis dezenas de fiéis assistiam às missas. “Eram todos camponeses, famílias completas, crianças, jovens e adultos”, que vinham de povoados da região, diz o padre Enrique Ross.
Além da capela foi também incendiada uma escola existente na zona e, em ambos os casos, foram encontradas bandeiras com inscrições do grupo radical Resistência Mapuche, que tem um historial de ataques não só a igrejas e escolas mas também a outros edifícios governamentais e a infraestruturas como pontes ou aeródromos.
Os mapuches exigem ao Estado chileno a restituição de terras ancestrais que pertenceram à comunidade e que estão agora nas mãos de empresas latifundiárias e florestais.
O ataque a esta capela vem recordar um conjunto de situações semelhantes ocorridas em anos recentes no Chile, e que são sinal de hostilidade para com a Igreja Católica e a comunidade cristã, e de como a liberdade religiosa está fragilizada neste país do continente americano.
No mais recente Relatório sobre a Liberdade religiosa no Mundo da Fundação AIS, é sublinhado que no período de 2018 a 2020 assistiu-se no Chile a um “recrudescimento dos ataques contra igrejas”.
No documento refere-se que, depois de terem estado ligados “à causa mapuche” – como ocorreu agora no ataque de quinta-feira, 10 de Novembro –, a violência e o vandalismo contra as igrejas, que atingiram diversas cidades, são “um sintoma de intolerância à religião e um sinal de que o Estado foi incapaz de a proteger”.
O Relatório recorda que cerca de 60 igrejas e templos cristãos foram vandalizados no Chile desde Outubro de 2019 até à data de publicação, ou seja, Abril do ano passado.
O ataque da semana passada à capela de São José, na região de La Araucanía, vem reforçar também a importância da iniciativa que a Fundação AIS está a promover a nível internacional neste mês de Novembro. Intitulada “ (#RedWeek), tem como objectivo combater a indiferença e chamar a atenção do mundo precisamente para a questão, tantas vezes ignorada, da perseguição aos cristãos.
Infelizmente, não é só no Chile que ocorrem incidentes, alguns de extrema gravidade, contra a comunidade cristã. Em muitos países a violência com a marca da religião é algo comum, quase diário.
Por causa disso, em Portugal e praticamente em todos os países onde a Fundação AIS tem secretariados, vão decorrer durante o corrente mês de Novembro iniciativas que visam sensibilizar a opinião pública para esta questão, nomeadamente através da publicação do Relatório “Perseguidos e esquecidos?”, um estudo produzido de dois em dois anos a nível internacional pela Ajuda à Igreja que Sofre.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS