O Paquistão é um país onde os cristãos são uma minoria e têm de enfrentar um ambiente difícil, marcado por muitas dificuldades e discriminações. A tal ponto que, segundo o Padre Emmanuel Asi, director executivo da Comissão Bíblica Católica, “não há liberdade religiosa”.

Entrevistado por Carlos Rosas-Jiménez, da Fundação AIS, o Padre Emmanuel explica que o Paquistão é, legalmente, um país onde todos têm o direito de professar a sua religião. Mas se os cristãos são livres de praticar a sua fé em comunidade, nas paróquias, ou igrejas, já o mesmo não se pode dizer quando estão na sociedade, seja no trabalho, na escola ou, por exemplo, na política. E isso atinge muito particularmente os mais novos.

“No papel, podemos fazer tudo, temos direitos; mas na prática, na política, na vida social, na academia, no local de trabalho, há muita discriminação e dificuldades para os nossos jovens, especialmente aqueles que querem estudar na universidade, ou que estão à procura de trabalho”, diz este responsável à Fundação AIS.

“Podemos fazer o que quisermos dentro da igreja, temos plena liberdade para isso. Podemos gerir as nossas escolas, as nossas instituições, as nossas paróquias, a nossa comunidade, orientar qualquer programa, imprimir bíblias e livros”, acrescentou. “Mas, assim que saímos para a sociedade, para a rua, para o escritório, para o local de trabalho, é aí que começam as dificuldades e a discriminação”, disse ainda.

É por isto que, segundo o Padre Emmanuel Asi, se pode dizer que “não há liberdade religiosa” no Paquistão, uma República Islâmica com uma população de 230 milhões de habitantes, dos quais 97 por cento são muçulmanos. Os restantes 3% pertencem a minorias, incluindo hindus, cristãos e sikhs. A maioria dos 1,5 milhões de cristãos são católicos. “A vida é difícil para aqueles que, tal como os cristãos, não seguem o Islão”, explica ainda o sacerdote.

O desafio da educação

Neste contexto, a coragem e a fidelidade são dois atributos fundamentais para os cristãos paquistaneses. A Igreja depara-se com diversos desafios, sendo que um dos mais significativos prende-se com a educação dos jovens, até pelo facto de a maioria da comunidade cristã, cerca de 65%, ter menos de 40 anos de idade. “Isso significa que a Igreja está muito viva”, diz o responsável pela Comissão Bíblica Católica. “Mas o nosso principal problema, o nosso principal desafio, é a educação, porque os níveis de instrução no Paquistão são muito baixos, e o analfabetismo é galopante.”

Pertencer a uma comunidade profundamente minoritária e pobre, mas que está a crescer, levanta diversas questões, nomeadamente a da mobilização dos fiéis. “Esse é outro desafio”, enumera o Padre Emmanuel. “Como chegar às pessoas? Os bispos querem criar paróquias. Temos padres e vocações suficientes, pelo que teremos padres suficientes no futuro, não é esse o problema. A dificuldade está em abrir novas paróquias, construir casas paroquiais, e chegar às pessoas” explica.

A ajuda da Fundação AIS

Apesar de a população cristã ter elevados níveis de analfabetismo, a Igreja local tem promovido diversas iniciativas com grande sucesso e geradoras de entusiasmo. Uma dessas iniciativas – “100 mil amigos da Bíblia” – está a mobilizar pessoas de todos os cantos do país para terem o seu próprio exemplar do Livro Sagrado, levando-as a um tempo de leitura mínimo de cinco minutos por dia.

Mas tem havido outras iniciativas, algumas das quais com o apoio directo da Fundação AIS. “No ano passado, em Novembro, colocámos on-line áudios das leituras da Bíblia para pessoas que não a podem ler. Dessa forma, as pessoas poderiam ouvir a Palavra de Deus. Temos também a Bíblia para Crianças, e a Bíblia YouCat, impressa em Urdu, graças à Fundação AIS. Já imprimimos 70 mil Bíblias”, lembra o padre Emmanuel Asi.

“Temos também Maratonas Bíblicas em todas as nossas dioceses, com 2 mil participantes em todo o país. Durante um período de 127 horas, a Bíblia é lida na íntegra, sem parar, dia e noite. As pessoas têm estado muito entusiasmadas e têm sido tocadas espiritualmente por este programa”, explica ainda.

A importância de haver instituições como a Fundação AIS que dão apoio directo a este esforço evangelizador é sublinhado pelo responsável da Comissão Bíblica, que deixa uma palavra de apreço aos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre. “Gostaria de agradecer às pessoas em todo o mundo, aos colaboradores da Fundação AIS e a todos aqueles que nos proporcionam ajuda financeira e que nos apoiam com a oração. Peço-lhes que continuem a ajudar, especialmente o Paquistão. Em nome do nosso povo: por favor, continuem a ajudar-nos o mais que possam! Por mais crítica que seja a situação, por mais amarga que seja a realidade, temos de manter viva a nossa esperança em Deus. Só a esperança pode dar-nos uma vida nova.”

PA e CRJ | Departamento de Informação da Fundação AIS 

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