SPAVC celebra o Dia Mundial do AVC, lembrando que todos os minutos contam no que toca ao AVC
Organizações locais foram desafiadas a desenvolver ações de sensibilização dirigidas à população
O Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC) celebra-se anualmente no dia 29 de outubro e a Sociedade Portuguesa do AVC (SPAVC) volta a assinalar este dia, associando-se à campanha internacional “Precious Time” (“Tempo Precioso”), incentivando todos os profissionais de saúde do país a realizarem ações que visem sensibilizar a população para a importância do tratamento atempado do AVC.
A cada hora que passa, três portugueses sofrem um AVC, sendo esta patologia considerada a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. As datas dedicadas ao tema, como o “Dia Mundial do AVC” e o “Dia Nacional do Doente com AVC” foram instituídas com o objetivo de sensibilizar a população para a importância da prevenção e da correta identificação (e atuação) perante os sinais de um AVC, para assegurar um tratamento rápido e adequado, num local preparado para receber o doente.
Como habitualmente, a SPAVC associa-se ao mote internacional para esta data, selecionado pela World Stroke Organization (WSO), neste caso: “Precious Time” (“Tempo Precioso”), salientando que todos os minutos contam e fazem diferença no tratamento e recuperação dos doentes com AVC.
“Para dar uma ideia da grandeza, o nosso cérebro tem aproximadamente 84 mil milhões de neurónios. Quando se instala o AVC, a cada minuto que passa sem tratamento, morrem 1,9 milhões desses neurónios”, explica a Dr.ª Liliana Pereira, embaixadora da SPAVC para esta data. E acrescenta: “O AVC acontece quando a circulação a uma região do cérebro é interrompida, e então os neurónios deixam de receber o oxigénio e nutrientes de que necessitam para sobreviver. Sofrem dano, que pode ser transitório se, com o tratamento adequado, for restabelecida a circulação atempadamente; ou irreversível, levando às sequelas do AVC, que são tanto físicas, como psicológicas e cognitivas”.
Assim, “estas datas permitem lembrar-nos ou ensinar-nos que o AVC não tratado traz graves consequências: para a saúde do indivíduo que o sofre, que frequentemente passa a viver com limitações que podem mesmo chegar à dependência de terceiros; para as famílias, que se têm de se reorganizar face à nova situação e eventual necessidade de se tornarem cuidadores; e para a sociedade, que arca com os custos socioeconómicos da perda de produtividade ou funcionalidade do indivíduo e novos gastos em saúde com o mesmo”, enumera a especialista em Neurologia.
Neste sentido, sensibilizar a população para as consequências gravíssimas do AVC torna-se uma prioridade, a par do alerta para as medidas de prevenção do AVC. A população deve conhecer, de forma consistente, os principais fatores de risco modificáveis (sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial, tabagismo, fibrilhação auricular, diabetes e consumo excessivo de bebidas alcoólicas) e não modificáveis (fatores genéticos individuais, hereditariedade, idade, raça ou sexo), bem como os sinais de alerta (desvio da face, falta de força num braço, dificuldade em falar), sabendo que só há uma forma correta de agir em caso de um AVC: ligar para o 112, ativando a Via Verde do AVC.
“Qualquer cidadão consegue aprender a rever estes 8 fatores de risco em si e nos seus familiares e iniciar a sua correção”, refere o presidente da SPAVC, Prof. Vítor Tedim Cruz. “Se todos o fizermos”, completa, “podemos transformar a nossa sociedade e comunidades nas mais saudáveis da Europa. Mesmo em contexto de crise económica”. Nas palavras do especialista, “precisamos de um exército informado na luta diária contra o AVC junto de cada pessoa em risco”, para reduzir o peso da doença vascular cerebral na vida dos portugueses.
Motivadas por este repto da SPAVC, várias instituições de saúde e outras organizações associaram-se a esta missão e organizam, a propósito do Dia Mundial do AVC, ações de sensibilização dirigidas às populações locais.
O representante da SPAVC reforça, como mensagem final, que as três principais componentes para tirar esta doença do topo da mortalidade e morbilidade em Portugal são: 1) evitar o primeiro AVC ou Acidente Isquémico Transitório (AIT) através da “adesão em massa dos cidadãos à identificação e correção dos fatores de risco, ao invés de esperar por consultas médicas”; 2) evitar o segundo AVC ou AIT por meio do “acesso às Unidades de AVC (UAVC) e consultas especializadas no diagnóstico etiológico, tratamento e prevenção pós-AVC, para reduzir a probabilidade de repetição em doentes de alto risco”; e 3) “manter, cuidar e estimular uma rede de centros/UAVC dedicados à trombólise e garantir o acesso a trombectomia em tempo útil, o mais rápido possível após o início de um AVC”.
Os neurologistas finalizam lembrando que “com este conhecimento sobre AVC, é possível ser-se agente de mudança positiva na prevenção e tratamento atempado desta patologia e, com isso, salvar vidas”.