Há personalidades abertas, generosas, que, quando encontram alguém que está a fazer alguma coisa, a inventar, a construir, sentem instintivamente vontade de se colocar do seu lado e procuram simplificar-lhe a acção, ajudam. Mas também há personalidades que estão no extremo oposto, dominadas pela desconfiança e pela inveja. Estas, perante alguém com capacidades de inovação, sentem uma necessidade imediata de lhe pôr limites e regras; interferem continuamente no seu trabalho e acabam por paralisá-lo. Estes dois tipos humanos encontram-se em todas as empresas, e a todos os níveis. Quando colocados em posições de chefia, os primeiros, os generosos, escolhem os colaboradores mais empreendedores e mais ativos, dão-lhes vastas responsabilidades e deixam-nos agir. Bem diferente é o segundo grupo. Os invejosos só escolhem quem lhes obedece cegamente. Muitas vezes afincam-se nas posições de poder, corroem pouco a pouco as posições dos outros, trabalham para lhes criar obstáculos, para os fazerem falhar e cansar-se. Na vida, todos estamos rodeados de invejosos. A inveja nasce no seio dos semelhantes e conhecidos, entre aqueles com quem podemos identificar-nos e nunca entre os que nos são indiferentes. Mesmo os que se consideram politicamente corretos, mesmo os que se batem pelos povos do Terceiro Mundo, até mesmo os cristãos que vão à missa e trabalham em associações de beneficência, todos são escravos dos mecanismos da inveja. Basta que alguém se destaque em alguma área, por mais ínfima que seja, e lá estão eles a apontar o dedo e a tentar minimizar o feito do seu próximo. E se isso é notório nas empresas, nos negócios, na organização política e social e em qualquer contexto produtivo, mais notório é nas vulgaridades supérfluas das pessoas de vida cor de rosa. Uma roupa diferente, um calçado da moda ou qualquer extravagância que faça sobressair da monotonia e logo irrompe a inveja. As mulheres são mais pródigas que os homens nesse tipo de expediente, atingindo níveis de contradição inenarráveis, porque nem sempre querem possuir o que as outras possuem, mas simplesmente não quererem que as outras o possuam. A expressão mais comum que refere a inveja é «dor de cotovelo» e anda muito ligada ao ditado popular «quem desdenha quer comprar». O invejoso, em vez de aceitar as suas carências e lutar pelos seus anseios, prefere eliminar a concorrência, através de críticas, difamação, ofensas, rivalidade, agressões, rejeição e vinganças. A característica mais típica do invejoso é a comparação desfavorável que faz entre o próprio status e o da pessoa invejada. Longe de reconhecer a própria preguiça ou a incompetência intelectual ou mesmo a sua limitação física, o invejoso presume que os atributos e qualidades dos outros são privilégios; por isso expressa-se assim: “se os outros têm, também eu tenho o direito de ter. Que é ele (ou ela) mais que eu”? E, em vez de trabalhar para o próprio sucesso, corrói-se pelo sucesso alheio. A inveja – frequentemente confundida com a avareza e o ciúme – é um dos sete pecados capitais segundo a doutrina católica. Vá-se lá saber porquê!

Manuel Maria Madureira, diretor

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