A Diocese de Hyderabad, na província de Sind, é uma das mais atingidas pelas fortes chuvas que têm caído nas últimas semanas e que já causaram mais de mil mortos e provocaram inundações em grande parte do país.
Em declarações à agência Fides, depois de ter visitado algumas das áreas mais afectadas da diocese, D. Samson Shukardin descreveu um cenário dramático em que “as pessoas não têm onde se abrigar e passam fome”, e em que muitas famílias “estão de luto pela perda dos seus entes queridos”. O Bispo acrescentou ainda que tem recebido “inúmeros telefonemas” de sacerdotes e de várias paróquias “pedindo ajuda”.
O prelado afirmou que estas chuvas torrenciais vieram agravar ainda mais a condição de pobreza em que se encontra grande parte da população do Paquistão, nomeadamente os agricultores que agora “perderam as suas colheitas”. Por tudo isto, acrescentou D. Shukardin, é preciso auxiliar os que ficaram em situação mais dramática, os “indigentes e necessitados de tudo”. Para eles, pediu “alimentos não perecíveis, água potável, roupas, lençóis, mosquiteiros, tendas e artigos de higiene”.
As fortes chuvadas, que deixaram inundada grande parte da diocese, tal como em praticamente todo o país, ocorreram numa altura que se queria festiva com a inauguração, a 15 de Agosto, do primeiro seminário menor de Hyderabad, obra que teve início em Maio do ano passado e que foi concluída agora graças ao apoio dos benfeitores da Fundação AIS e da Missio Austria.
A situação dramática que se está a viver não retira a importância para a comunidade local da existência de um seminário menor na diocese, pois traduz um sinal do empenho de todos para o crescimento das vocações num país onde, infelizmente, os Cristãos sofrem com frequência discriminação, abuso e violência.
Durante a cerimónia de inauguração, D. Samson Shukardin confidenciou a alegria de ver concretizado o sonho do seminário menor na diocese. “No passado, tínhamos poucas vocações para o sacerdócio. Iniciámos um projecto, o instituto de formação preparatória para o seminário menor em 2016, com 25 jovens. Tiveram então de se mudar para outras dioceses para frequentar o seminário”, disse, em declarações à agência Fides. “Agora, o seu caminho de estudo e formação continuará no nosso Seminário Menor”, acrescentou.
Apenas duas semanas depois da inauguração do edifício, a prioridade de todos é a ajuda às famílias mais atingidas pelo mau tempo. Só em Hyderabad há cerca de de 52 mil católicos espalhados por 17 paróquias, assistidos por 27 sacerdotes, diocesanos e religiosos. Todos eles precisam de apoio nesta hora tão difícil que se está a viver no Paquistão.
A Diocese de Hyderabad, no sul do Paquistão, foi erigida a partir da Arquidiocese de Karachi em Agosto de 1958, e caracteriza-se pelo facto de ser constituída essencialmente por população de origem tribal, onde a questão da perseguição religiosa se faz sentir, como o próprio Bispo denunciou em 2019 durante uma viagem aos Estados Unidos.
Em declarações à Fundação AIS, o prelado acusava então grupos radicais islâmicos de, abusando da Lei da Blasfémia, raptarem pessoas, nomeadamente jovens raparigas cristãs, forçando-as a casar e a converterem-se ao Islão.
Estes casos “são muito comuns” nas zonas rurais, “onde as pessoas têm pouca instrução”, explicou o Bispo, tendo alertado também para o facto de haver também casos de “discriminação nos locais de trabalho, o que prejudica especialmente os jovens”.
Em resultado deste ambiente difícil, o Bispo disse que os Cristãos vivem “com medo de ataques e de perseguições” e deixou um apelo para que o mundo veja com mais atenção a Igreja do Paquistão e a auxilie no trabalho de promoção social que tem vindo a desenvolver. “Precisamos de mais escolas e de ajuda financeira para as famílias pobres. Também precisamos de ajudar essas famílias na educação dos seus filhos”, disse o prelado, lembrando que, apesar da discriminação, dos ataques e da violência, apesar do medo em que vivem, os Cristãos paquistaneses têm dado ao mundo um notável exemplo de fé.
Agora, por causa das inundações, as prioridades são outras, mas não se pode esquecer nunca a perseguição religiosa. Essa é uma tragédia permanente que se faz sentir todos os dias do ano…
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