No dia 1 de julho, solenidade do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Vila Viçosa, o Arcebispo de Évora, D. Francisco José Senra Coelho, participou no encerramento da Assembleia Geral da Província Ibérica (Portugal e Espanha) da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, que contou com a celebração de Eucaristia e um convívio.
Os Missionários do Preciosíssimo Sangue (CPPS) estão em missão no Alentejo há mais de 90 anos
Em 2021, o P. Luís Filipe, Provincial CPPS escreveu a seguinte nota histórica sobre a presença da Congregação no Alentejo, que partilhamos:
“Segundo um estudo da autoria do P. Joaquim Cardoso Pereira sobre a história da Congregação, o primeiro missionário chegou a Vila Viçosa no dia 9 de Janeiro de 1930 e chamava-se Luís Carinci.
Porquê o Alentejo? Porque naquele tempo havia uma grande falta de sacerdotes. O Arcebispo D. Manuel Mendes da Conceição Santos ouviu falar da comunidade que estava instalada em Valência de Alcântara (Espanha) e do seu carisma missionário. Tomou então a iniciativa do primeiro contacto e não mais desistiu da intenção de os trazer para a Igreja da sua Arquidiocese. Criou também as condições para que pudessem instalar-se em Vila Viçosa e começar aqui a missão.
Sendo a vida em comunidade um dos pilares da vida congregacional, em Junho de 1930, junta-se ao P. Luís Carinci, o P. António Cora. Num primeiro momento de adaptação à língua e cultura portuguesas, ficam os dois a residir com os padres diocesanos no Seminário das Chagas. Hoje é possível reconhecer um destes padres nas fotografias da época, que se encontram junto ao refeitório no Seminário de S. José, destacando-se pelo crucifixo que tem junto ao peito.
Em 1931, é concedida aos missionários a Paróquia de S. Bartolomeu. Começa assim uma nova Missão CPPS, que com o passar do tempo foi ganhando vitalidade, estendendo a missão à Paróquia de S. Romão.
Para que a obra pudesse crescer eram necessárias vocações: em Outubro de 1936, o P. Luís Carinci deslocou-se ao arciprestado de Proença-a-Nova para uma pregação e aqui “recruta” 9 rapazes, que foram os primeiros seminaristas CPPS portugueses, que ficaram instalados no Seminário de S. José.
Toda esta obra sofre um revés com a II Guerra Mundial: os padres tiveram de regressar aos seus países. Ficou o P. Adalberto, mas sem poder assumir qualquer encargo pastoral por ser estrangeiro. Também este teve de regressar ao seu país.
Quando a obra é de Deus, surgem os frutos: os primeiros missionários do Preciosíssimo Sangue portugueses: o P. Edmundo Alves e Joaquim Farinha Cardoso. Surge aqui também a revitalização: em 1955, assumem novamente as Paróquias de S. Bartolomeu e de S. Romão, a que se junta a Paróquia de Santa Ana de Bencatel. Ao mesmo tempo passam a habitar na Casa Paroquial de S. Bartolomeu, que é adaptada para Seminário Menor CPPS. As vocações aumentam, na sua maioria oriundos do Concelho de Proença-a-Nova. Esta casa vai ter também um papel importante na preparação de missionários alemães que, depois de aprender português, partiam para o Brasil.
O P. Joaquim Farinha foi um missionário por todo o Alentejo, destacando-se o seu porte físico, o crucifixo que sempre o acompanhava, e os seus dotes de orador.
Seguiram-se outros sacerdotes: José Bairrada, Adelino, Armando, José Luís Ferreira, Joaquim Pereira, José Luís Morgado, Luís Bairrada.
Actualmente vivem nesta comunidade três sacerdotes de distintas nacionalidades: Luís Filipe (Português), Ilídio Graça (Cabo Verdiano) e António (Espanhol). Estão em missão nas comunidades mais antigas de S. Bartolomeu e Santa Ana de Bencatel, depois veio a Paróquia de Santa Catarina de Pardais, e recentemente as comunidades de Santiago Maior, Cabeça do Carneiro, Montes Juntos e Santo António de Capelins. Um dos sacerdotes é capelão hospitalar no Hospital Universitário de Badajoz. Todos estão disponíveis para a missão, para ir onde são chamados e às periferias existenciais.
O património histórico, feito de altos e baixos, permite viver o presente com esperança pois Jesus continua a convidar: “vinde comigo e farei de vós pescadores de homens”.
P. Luís Filipe, Provincial CPPS”