O Senhor Arcebispo de Évora em nome de toda a Arquidiocese apresenta sentidas condolências à família e à Companhia de Jesus, de modo especial à Comunidade Jesuíta de Évora.

O P. António Vaz Pinto estava, atualmente, e desde 2019, na comunidade dos jesuítas em Évora, onde era Capelão da Santa Casa da Misericórdia e desempenhava a sua ação pastoral, acompanhando pessoas e grupos, orientado exercícios espirituais, entre outras coisas.


*É com enorme pesar e consternação, mas com uma gratidão enorme por tanto bem recebido ao longo de uma vida cheia, que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus comunica a morte do P. António Vaz Pinto. O sacerdote jesuíta faleceu esta manhã dia 1 de julho, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde estava internado desde o dia 8 de junho, na sequência de um tumor pulmonar.

O P. António Vaz Pinto tinha celebrado há dias os seus 80 anos e, aparentemente, encontrava-se bem, tendo festejado o seu aniversário na companhia de muitos familiares e amigos e num ambiente festivo. Contudo, o seu estado de saúde já era grave e três dias depois acabou por ser encaminhado de Évora, onde residia, para um hospital em Lisboa, tendo o seu estado agravado muito rapidamente.

Dias antes do seu aniversário (2 de junho), numa entrevista profunda que deu ao Ponto SJ, o P. António Vaz Pinto manifestava a sua energia contagiante e inspiradora, e confessava-se totalmente preparado para morrer. “Se morrer daqui até aos 80 anos, ou logo a seguir, levo desta vida uma vida que valeu a pena viver, com muita alegria e muitos amigos. Estou muito grato a Deus pela vida que me deu”. No final desta entrevista, que pode ser recordada aqui, o sacerdote jesuíta manifestava também a sua “ótima relação com a morte”, que, disse, nunca o “assustou”. “A morte é a porta da ressurreição. Por isso, se me disserem que eu vou morrer amanhã, não me afeta nada, não preciso de mais de um quarto de hora. É só mudar de casa”.

Se é verdade que este é um momento de profunda dor perante tão repentina separação e partida para a Casa do Pai, estas palavras consoladoras mostram como o P. António alicerçava as suas mais profundas convicções naquela certeza referida no Prefácio I da Missa dos Defuntos: “N’Ele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição e, se a certeza da morte nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade. Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.”

Nascido em Lisboa a 2 de junho de 1942, o P. António Vaz Pinto teve uma vida cheia e intensa, sendo responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de Jesus de grande relevância apostólica, entre as quais se destacam os Leigos para o Desenvolvimento (1986), o Centro São Cirilo (2002), no Porto, e o Centro Universitário Padre Manuel da Nóbrega (1975-1984), em Coimbra, e mais tarde o Centro Universitário Padre António Vieira (1984-1997), em Lisboa. Foi também Alto Comissário para as Migrações e Minorias Étnicas durante três anos (2002-2005).

Entrou para a Companhia de Jesus em 1965, em Soutelo, depois de ter feito os seus estudos no Colégio São João de Brito, em Lisboa, e ter frequentado, durante 4 anos, o curso de Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Licenciou-se depois em Filosofia, em Braga, e em Teologia na Alemanha, na universidade de Frankfurt am Maim .

Foi ordenado padre em 1974, tendo dedicado grande parte da sua vida à formação cristã e espiritual dos universitários e ao acompanhamento de vários grupos. Depois, entre 1997 e 2001, foi reitor da Comunidade Pedro Arrupe, em Braga, onde os jesuítas fazem parte da sua formação, e ainda reitor da Basílica do Sagrado Coração, na Póvoa do Varzim. Seguiu-se, em 2001, a missão de diretor do Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola, no Porto, terra onde viria a lançar também a criação do Centro São Cirilo (2002), que dá apoio a migrantes e refugiados. Entre 1998 e 2005 foi assistente nacional da Comunidade de Vida Cristã (CVX) e durante um longo período, entre 1984 e 1992, foi também o presidente da direção do Centro Social da Musgueira, em Lisboa.

Em 2008, foi nomeado diretor da Revista Brotéria e mais tarde, em 2014, reitor da Igreja de São Roque e capelão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Trabalhou também, durante vários anos, na Rádio Renascença, onde foi assistente entre 1984 e 1997, e colaborou com vários órgãos de comunicação social. Foi também fundador da produtora de conteúdos religiosos Futuro e esteve no projeto inicial da criação da TVI. Participou também na criação do Banco Alimentar contra a Fome, em 1992, tendo pertencido à sua direção durante vários anos.

No dia 30 de janeiro de 2006 foi distinguido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grande Oficial Ordem Infante D. Henrique. Foi ainda autor de sete livros sobre teologia, filosofia e vida cristã, e dois de memórias, onde conta a história da sua vida. O mais recente, sobre as suas memórias mais recentes, foi editado pela Alêtheia Editores este mês.

De todas as “obras” criadas, sustentadas e geridas pelo P. António Vaz Pinto, bem como de todos os cargos que desempenhou, a ação mais importante, e por ele mais cuidada e amada, foi a sua atividade explicitamente sacerdotal, na celebração dos sacramentos, na eloquente pregação da Palavra e nos Exercícios Espirituais, e no acompanhamento pessoal dispensado a tantas e tantas pessoas, que hoje se despedem dele e que continuarão a contar com este seu acompanhamento, agora a partir do Céu.

O P. António Vaz Pinto estava, atualmente, e desde 2019, na comunidade dos jesuítas em Évora, onde era Capelão da Santa Casa da Misericórdia e desempenhava a sua ação pastoral, acompanhando pessoas e grupos, orientado exercícios espirituais, entre outras coisas.

Rezamos, comovidos e entristecidos, mas agradecidos e cheios de confiança, com a família do P. António, com os seus amigos pessoais e com a comunidade inaciana. Confiamos a vida do P. António nas mãos do Pai e contamos com a sua enérgica intercessão.

A 2 de junho o sacerdote jesuíta tinha celebrado 80 anos com familiares e amigos. Com uma vida cheia e intensa, o P. António Vaz Pinto foi responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de grande impacto apostólica

*Comunicado da Companhia de Jesus

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