O mapa da guerra na Ucrânia passou dar mais destaque à cidade de Lviv, depois do ataque à base militar de Yavoriv, no domingo, dia 13. O ataque, com mísseis, causou cerca de dezenas de mortos e teve um grande impacto noticioso pois ocorreu muito perto da fronteira com a Polónia, um país da Nato.

A apenas cerca de 40 quilómetros de distância da base militar fica a grande cidade de Lviv, que se transformou nestes dias numa espécie de placa giratória de apoio humanitário para os que procuram sair do país e que galgou para a primeira linha da atenção mediática ao acolher, ontem, uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, como “mensageira da paz”.

Lviv tem sido poupada até agora, mas o ataque de domingo na base de Yavoriv, por ter sido tão perto, permitiu perceber que nenhum lugar na Ucrânia está seguro, que todas as aldeias, vilas ou cidades podem ser alvo dos mísseis russos mesmo que disparados a milhares de quilómetros de distância.

Um dos lugares em Lviv mais procurados por refugiados, por pessoas que estão de viagem até à fronteira com a Polónia, é o seminário católico que alberga também uma casa de retiros. Ainda recentemente, o cardeal polaco Konrad Krajewski, enviado do Papa Francisco, esteve lá para se inteirar das dificuldades no acolhimento a tantas pessoas que passam pela cidade procurando fugir da guerra.

O Padre Wladyslaw Biszko, responsável pelo espaço, confirma o corrupio de pessoas, que na sua esmagadora maioria trazem consigo apenas alguns haveres mas muitas histórias para contar. “Há por aqui muito movimento de ida e de volta. Milhares de refugiados chegam todos os dias”, conta o sacerdote à Fundação AIS.

O seminário, que chegou a ser fechado compulsivamente pelas autoridades comunistas em 1946, e que foi reabilitado em grande parte através do apoio da Fundação AIS, está agora ao serviço dos refugiados. “Cerca de 120 pessoas vivem aqui o tempo todo”, relata o sacerdote. “Eles estão simplesmente à espera para ver se podem voltar para as suas casas…” São sobretudo mães com os seus filhos, ou então pessoas já idosas que insistem em ficar na Ucrânia.

Todos são acolhidos com generosidade e todos partilham um espaço que tem vindo a ser adaptado às circunstâncias. Até o chão da sala de conferências foi transformado num grande dormitório… “Não perguntamos a ninguém qual a sua religião”, diz-nos o Padre Wladyslaw Biszko. “As pessoas sabem que estão num centro católico. Rezamos antes das refeições e temos devoções todas as noites, que são bem acolhidas”, acrescenta ainda o sacerdote.

A visita ao seminário transformado num local de acolhimento de refugiados não escapou ao enviado especial do papa Francisco. A presença do cardeal polaco Konrad Krajewski foi um sinal também da proximidade do Santo Padre para com a Ucrânia. O Padre Biszko recorda as palavras do cardeal, que lembrou que o Papa “está a sofrer” como todos os ucranianos. O cardeal, que como esmoleiro do Papa é responsável pela distribuição da caridade em seu nome, destacou o facto de, logo após o início da guerra o Santo Padre ter visitado o embaixador russo na Santa Sé para apelar à “compaixão e paz”.

Normalmente é o Papa que convoca os embaixadores. O facto de se ter deslocado à embaixada foi também um sinal da urgência e da importância de se defender a paz “de todas as formas” possíveis. Desde que a guerra teve início, com a invasão pelas tropas russas na madrugada de 24 de Março, a Fundação AIS já disponibilizou uma ajuda de emergência para a Igreja ucraniana no valor de 1,3 milhões de euros.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS 

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