Num curto vídeo enviado para a Fundação AIS, o Bispo de Odessa, importante cidade situada na costa do Mar Negro, ao sul da Ucrânia, revela um ambiente de alguma tensão, apesar de não se terem verificado ainda situações de grande violência. É a angústia permanente de quem se acostumou já às consequências da guerra. O toque das sirenes passou a fazer parte do quotidiano.
“Estamos sempre a ouvir os avisos de ataques aéreos e, de tempos a tempos, tiroteios. É muito assustador, mas, neste momento, graças a Deus, a cidade está relativamente calma. Estamos a dormir num abrigo numa cave, mas durante o dia estamos aqui e podemos rezar e trabalhar livremente”, explica D. Stanislav Szyrokoradiuk, num curto vídeo gravado no sábado e que enviou, entretanto, para a Fundação AIS.
A cidade prepara-se para o pior, e isso vê-se, por exemplo, na adaptação de caves e outros lugares menos expostos para abrigos em caso de bombardeamentos, em caso de ataque. E as caves das igrejas estão já também adaptadas para isso. Mas a primeira prioridade foi garantir a segurança das crianças, que foram, entretanto, levadas para lugar seguro. “Organizámos um espaço para refugiados. Algumas crianças e famílias jovens com crianças, estão a viver lá. Cuidamos dessas pessoas”, explica o prelado olhando para a câmara do telemóvel com que vai gravando as suas palavras dentro do edifício da Catedral.
A guerra aproximou as pessoas e a fé tornou-se também num abrigo. “A presença de padres nas igrejas é de grande importância para as pessoas. Os padres celebram missas, organizam orações e fortalecem o espírito. Além disso – acrescenta D. Stanislav –, há [nas igrejas] pacotes alimentares, outros bens essenciais e refeições quentes. As caves debaixo das igrejas estão sempre abertas e disponíveis para as pessoas se refugiarem…”
A oração ganhou, nos últimos dias, uma importância adicional. As pessoas sentem necessidade de rezar pela paz, pela segurança, pelos que já faleceram na guerra. “Rezamos diariamente pela paz. É importante para nós rezar por todos, mas especialmente por aqueles que morreram. Todos os dias celebramos uma Missa por todos aqueles que morreram, incluindo os soldados caídos e todas as vítimas da guerra.”
A situação é grave e delicada. O ambiente de relativa calma que o Bispo relatou na mensagem vídeo enviada para a Fundação AIS pode alterar-se a qualquer momento. A esmagadora maioria da população já abandonou a cidade. Os que ficaram estão unidos. A tragédia aproxima as pessoas. “A guerra tornou-nos muito unidos, não só católicos, mas também pessoas de outras confissões e culturas. Hoje, temos uma grande unidade na cidade”, diz ainda o bispo Stanislav.
E há também, entre todos os que ficaram em Odessa, um grande sentimento de gratidão para com as enormes manifestações de solidariedade de um mundo perplexo também com esta guerra. E a Fundação AIS ocupa um lugar de destaque entre os que primeiro se preocuparam com a situação nesta cidade. “Estou muito grato por todo o apoio e solidariedade. Gostaria especialmente de agradecer à Ajuda à Igreja que Sofre. Foi a primeira organização que me perguntou: ‘O que devemos fazer? Como podemos ajudar?’ Obrigado por esta vontade em ajudar”, afirma D. Stanislav Szyrokoradiuk.
Uma vontade de ajudar que foi reafirmada logo no primeiro dia da invasão das forças russas, na manhã de 24 de Fevereiro, com a Fundação AIS a assumir o compromisso de enviar uma ajuda de emergência no valor de 1 milhão de euros e que se destina, como explicou na ocasião Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da instituição, para os sacerdotes e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos em todo o país.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS