Durante a homilia proferida na celebração da Missa das Cinzas, celebrada ontem, dia 2 de março de 2022, pelas 18,15 horas, na Igreja do Carmo, sede da Paróquia da Sé, o Arcebispo de Évora, D. Francisco José, citou a sua Mensagem Quaresmal, recordando que “a Quarema não é uma realidade obsoleta, caduca e arqueológica de práticas espirituais ascéticas de outras e para outras épocas”, lembrando que a Igreja enquanto “comunidade pascal”  é chamada a uma “contínua conversão”, a qual para além de ser pessoal e individual, deve assumir a sua dimensão “comunitária” externa e social, pois enquanto comunidade eclesial, vive a realidade pecadora dos seus membros humanos, ainda que a sua Cabeça, Jesus Cristo, seja em tudo igual a nós exceto no pecado, por isso  a Igreja é Santa na sua cabeça e pecadora nos seus membros. É neste contexto que carece de purificação, oração solidária com todos e por todos os pecadores, bem como a prática da partilha solidária com os mais necessitados.

O caminho da conversão e purificação da Igreja, lembrou o Prelado, passa pela redescoberta da sinodalidade da Igreja Apostólica e Primitiva e assumida pelos Padres da Igreja. A sinodalidade, ou seja, “caminho em comunhão” faz parte do ADN da Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica.

Citando a Subsecretária do sínodo dos Bispos, Irmã Nathalie Becquart, XMCJ “O Papa Francisco tem feito da sinodalidade, que é «uma caminhada conjunta» à escuta do Espírito, um eixo central do seu pontificado. A ele chama todos os batizados a desenvolverem a sinodalidade como «o estilo missionário da Igreja para fazer frente aos desafios do mundo contemporâneo».

Num dos seus discursos chave, a partir de uma leitura dos sinais dos tempos, ele indica assim claramente o horizonte: «O mundo em que vivemos e que somos chamados a amar e a servir, inclusive nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os domínios da sua missão. O caminho da sinodalidade é precisamente aquele que Deus espera da Igreja do terceiro milénio».

O Arcebispo de Évora lembrou que “A sinodalidade corre o risco de se tornar uma palavra do momento e uma moldura onde se encaixam os diferentes dinamismos pastorais. Por isso, é importante percorrer o itinerário que nos permite compreender o que significa ser uma Igreja sinodal, evitando o risco de ser uma palavra da moda, vazia e sem frutos. A sinodalidade insere-se na longa tradição eclesial, mas reclama um verdadeiro discernimento pastoral e evangélico que permita responder à pergunta fundamental da reflexão teológico-pastoral: o que é que a Igreja, iluminada e guiada pelo Espírito Santo, deve fazer aqui e agora?” (Teólogo e Pastoralista de Portugal).

O nosso Arcebispo lembrou, com a Subsecretária do Sínodo, que “existe um caminho simples que a religiosidade recomenda: em vez de simplesmente se falar de sinodalidade, devemos experimentá-la. O que estamos a tentar fazer, na nossa forma de animar o processo, de dialogar com as Igrejas locais, é criar experiências. É isso que está em jogo: que nas paróquias, nos grupos, possamos oferecer uma experiência de escuta mútua e de escuta do Espírito Santo, enraizando-nos na oração”.

Eis uma sugestão para esta Quaresma: iniciar os grupos de reflexão sinodais.

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