Amanhã, dia 1 de Fevereiro, assinala-se o primeiro aniversário do golpe militar em Mianmar. Foi um ano em que se sucederam notícias de violência, terror e sofrimento que estão a afectar toda a população incluindo a pequena comunidade cristã. Em resposta ao apelo da Conferência Episcopal de Mianmar, a Fundação AIS convoca os seus benfeitores e amigos em todo o mundo para fazerem desta terça-feira uma jornada de oração e de solidariedade para com a Igreja deste país asiático.

Numa mensagem gravada desde Königstein, na Alemanha, o presidente executivo internacional da Fundação AIS sublinha que este dia de oração procura ser “um sinal de solidariedade e de fraternidade” para com a Igreja local, lembrando todas as “vítimas inocentes” da violência que irrompeu neste país ao longo dos últimos doze meses.

Entre as regiões que mais sofreram ao longo dos últimos 12 meses, estão os estados de Chin, Kayah e Karen, marcados por longos conflitos étnicos e onde o exército se tem confrontado com milícias armadas. Embora minoritária, há uma presença considerável de população cristã nestes estados, facto que tem motivado um acréscimo de preocupação por parte da Fundação AIS.

Apesar das enormes dificuldades de comunicação, a Ajuda à Igreja que Sofre tem acompanhado o evoluir dos acontecimentos e sabe que pelo menos 14 paróquias no estado de Kayah foram abandonadas, com muitos padres e irmãs refugiados na selva ou em aldeias remotas, acompanhando as populações locais. Outros, porém, optaram por ficar em aldeias quase desertas. Há o relato, ainda, de que entre os milhares de deslocados, cerca de três centenas de pessoas, na sua maioria idosos, mulheres, crianças e deficientes, terão procurado abrigo no complexo da catedral de Kayah.

Estas populações fogem da violência, por vezes brutal, que tem vindo a ocorrer um pouco por todo o país. O massacre de pelo menos 35 civis inocentes, mortos, queimados e mutilados na aldeia de Mo So, também no estado de Kayah, na altura do Natal, é um exemplo da brutalidade que Mianmar está a viver.

Por que o país está assim em guerra, a Fundação AIS convoca os seus benfeitores e amigos para um dia de oração por esta população que está a viver seguramente um dos períodos mais negros da sua história. A Igreja local tem sido porto de abrigo de deslocados, de vítimas que precisam de apoio, comida, água, abrigo e medicamentos.

De acordo com as Nações Unidas, a 17 de Janeiro, o número oficial de deslocados em Mianmar ultrapassava já os 405 mil, estimando que o número de pessoas em risco de pobreza chegue aos 25 milhões durante o corrente ano, sendo que, destes, cerca de 14 milhões vão precisar de ajuda humanitária urgente.

Neste contexto particularmente adverso, a Igreja tem assumido um papel único no apoio e consolo às populações. Padres e religiosas arriscam a vida para estarem junto dos que mais precisam, visitando fiéis, ajudando-os nas suas necessidades mais urgentes mas também oferecendo acompanhamento pastoral e apoio sacramental.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS

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