Mais de 27 mil milhões de notas de euro estavam em circulação em junho, três vezes mais do que as notas em circulação há 20 anos, em 2002, revela o boletim de notas e moedas do Banco de Portugal.

“O euro físico circula agora em muito maior quantidade do que há duas décadas”, refere o banco central no documento, dando conta de que, no final do primeiro semestre, existiam quase 140 mil milhões de moedas de euro em circulação, num valor próximo de 31 mil milhões de euros.

Os dados mostram que a nota de 50 euros é a mais utilizada na área do euro, embora em Portugal a nota padrão seja a de 20 euros, que há 13 milhões de notas desta denominação em circulação e que o euro é a moeda comum de 340 milhões de europeus e a segunda moeda no mundo mais utilizada em pagamentos internacionais, empréstimos e para constituição de reserva.

No boletim, o Banco de Portugal aborda também o tema da procura de notas, reconhecendo que, apesar de o dinheiro ser o meio de pagamento mais usado nos pontos de venda e nas transações entre pessoas, o peso das transações em numerário, em relação a outros meios de pagamento, “tem diminuído” ao longo do tempo, ainda que “lentamente e a um ritmo diferente” entre os países da área do euro.

“Muitos seriam, por isso, levados a pensar que a procura por notas acompanhasse essa tendência. No entanto, os dados revelam que o valor da emissão líquida de notas de euro aumentou, em média, 5% ao ano nos últimos dez anos e que esse crescimento subiu até aos 11%, em 2020, com a pandemia de covid-19”, lê-se no boletim.

Sobre o que chama de “paradoxo das notas”, o banco central lembra que o tema foi analisado em detalhe pelo Banco Central Europeu (BCE) e que “as evidências atribuem a origem do fenómeno ao efeito conjugado” da procura do numerário para pagamento em transações de retalho na área do euro, como moeda de referência fora da área do euro e como instrumento de reserva de valor.

Segundo o boletim, o BCE estima que, em 2019, entre 27,5% e 50% do montante de notas em circulação fosse utilizado como reserva de valor, estimando que a poupança individual por adulto, empresa ou instituição, expressa em numerário, se situaria entre os 1.270 e os 2.310 euros.

O Banco de Portugal lembra um estudo realizado à população com referência a 2019, que concluiu que um em cada três inquiridos, em média, assumiu manter dinheiro em casa como precaução, e que, em alguns países, a percentagem de indivíduos que guardam poupanças em casa ultrapassava os 50%.

Com grande parte do comércio encerrado, a pandemia de covid-19 fez abrandar a tradicional procura de numerário, mas, em contrapartida, intensificou a procura de numerário na área do euro para reserva de valor, tal como aconteceu noutras situações de crise.

“O numerário é amplamente utilizado como ativo de refúgio em períodos de maior turbulência nos mercados, exigindo aos bancos centrais manter uma reserva estratégica de notas, para satisfazer uma procura extraordinariamente elevada.

O aumento da incerteza, o envelhecimento da população e o contexto de juros baixos são indicados pelo BCE como os principais motivos para o aumento da poupança em numerário, admitindo ser ainda uma incógnita a evolução da procura e da utilização do numerário num contexto de pós-pandemia.

Um inquérito à população em 2019, lembra o banco no boletim, concluiu que foram liquidadas em numerário 72% das transações de retalho na área do euro no ponto de venda (representando 47% em valor) e 83% das transações entre pessoas (57% em valor), e que as notas e moedas foram utilizadas de forma mais significativa em pagamentos abaixo dos 15 euros.

O Banco de Portugal lembra estudos anteriores que diz concluírem que, mesmo sendo o instrumento de pagamento mais utilizado, o peso do numerário diminuiu nos últimos três anos.

A quota dos pagamentos em numerário baixou desde 2016, quer no número quer no montante total de transações em pessoas e no ponto de venda, estimando o BCE que o numerário utilizado para transações na área do euro nesse ano representou entre 20 e 22% do valor das notas de euro em circulação.

FONTE: Lusa

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