O balanço da onda de violência em 2008 contra a comunidade cristã na Índia ainda está por concluir. Passaram 13 anos mas para os cristãos de Kandhamal, no Estado de Orissa, a justiça ainda é uma miragem. Este terá sido o ataque mais cruel contra esta comunidade religiosa nos últimos 300 anos.
A descrição da violência que teve início no dia 23 de Agosto, após o assassinato de um líder hindu, não deixa ninguém indiferente. Assassinatos, violações, roubos, destruição de casas e de igrejas. Foi um verdadeiro massacre. A violência prolongou-se durante várias semanas até ao mês de Outubro.
Calcula-se que mais de uma centena de pessoas foram mortas, mas houve ainda milhares de feridos, dezenas de mulheres violadas, quase quatro centenas de igrejas ou capelas destruídas, assim como cerca de 6500 casas, escolas e outras estruturas existentes na região.
Como consequência directa dos ataques, 56 mil pessoas fugiram de suas casas. Muitos não regressaram mais à região e houve também casos de conversões forçadas ao hinduísmo.
O Dia dos Mártires é celebrado pela Igreja em Orissa desde 2016. É uma maneira de não esquecer o que se passou mas é também uma forma de exigir justiça pelo que aconteceu, tanto mais que nos últimos tempos tem crescido a preocupação pelos ataques contra a comunidade cristã. Só no ano passado, entre Janeiro e Setembro, contabilizaram-se mais de 250 ataques.
Segundo o Fórum Cristão Unido, que procura manter actualizado um mapa dos principais incidentes relacionados com os cristãos na Índia, a maioria destes casos estão a ocorrer nos estados de Uttar Pradesh, Madyha Pradesh e Chhattisgarh. Na origem destes ataques estarão “grupos extremistas” que levantam “suspeitas e inimizades” procurando dividir as comunidades locais.
O futuro revela-se incerto. A Fundação AIS refere-o no último relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, editado em Abril deste ano. “O nível crescente de restrições aos Cristãos e outras minorias religiosas, acompanhado de violência, impunidade, intimidação e restrições crescentes à liberdade dos indivíduos de praticarem uma religião à sua escolha, é profundamente desconcertante”, pode ler-se no documento.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS