O Padre Andrè Sylvestre, de 70 anos de idade, foi assassinado a tiro no Haiti na tarde de segunda-feira, 6 de Setembro, durante uma tentativa de assalto. Pároco da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia de Robillard, em Cap-Haïtien, o sacerdote foi baleado na rua por dois jovens que se transportavam numa motocicleta e que tentaram roubar-lhe algumas das coisas que levava consigo.
Na ocasião, segundo alguns testemunhos, os agentes da polícia que se encontravam na zona terão disparado contra os jovens e um deles, pelo menos, terá ficado ferido. Transportando de imediato para o Hospital Universitário local, o padre não resistiu aos ferimentos.
O padre Sylvestre dirigia um orfanato e era considerado uma pessoa muito afável e muito disponível para com os mais fragilizados da sociedade, nomeadamente crianças órfãs e pessoas sem-abrigo. Este crime vem acentuar os índices de violência contra elementos da Igreja no Haiti. Em Abril, num dos inúmeros episódios de sequestros que ocorrem no país, foram sequestrados cinco padres, duas irmãs e sete leigos.
De facto, há um profundo clima de insegurança no Haiti, com grupos armados a semearem o medo entre as populações que atravessam tempos muito duros que se agravaram substancialmente com o violento terramoto de 14 de Agosto, que causou cerca de 2200 mortos, mais de 12 mil feridos e a brutal destruição de casas e infraestruturas em várias cidades.
Este sismo foi quase um golpe de misericórdia para muitas famílias atoladas no desemprego e na pobreza que caracterizam a vida do Haiti, um dos países mais pobres do mundo.
Logo nas primeiras horas, quando começaram a surgir notícias do abalo sísmico, ainda no sábado, 14 de Agosto, a Ajuda à Igreja que Sofre mobilizou-se a nível internacional. Era preciso contactar com os Bispos, padres e religiosas especialmente nas dioceses mais flageladas, no sul do país. Les Cayes, Anse-á-Veau e Jeremie são três dessas dioceses.
Perante esta tragédia, a Fundação AIS lançou em Portugal uma campanha de solidariedade para dar resposta às situações mais urgentes.
Numa carta enviada esta semana para casa dos benfeitores portugueses da instituição, Catarina Martins de Bettencourt afirma que “não podemos abandonar esta igreja que luta para apoiar o seu povo nestes tempos difíceis”, e recorda que a “Fundação AIS não ficou indiferente” a esta tragédia e “já atribuiu – a nível internacional – um fundo de emergência no valor de meio milhão de euros”.
No entanto, esta verba é exígua face à dimensão da catástrofe. A directora do secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre agradece “de todo o coração” a generosidade dos benfeitores da AIS “para com estes irmãos em necessidade”, lembrando que se têm recebido “todos os dias angustiantes pedidos de socorro”, vindo de famílias do Haiti que perderam tudo neste terramoto de 14 de Agosto.
PA| Departamento de Informação da Fundação AIS