“Destruíram a igreja de Mocímboa da Praia!” O padre Kwiriwi Fonseca, responsável pela comunicação da Diocese de Pemba, comentou assim as primeiras imagens da igreja após a estratégica vila portuária ter sido recuperada aos terroristas. A operação militar, que juntou soldados do Ruanda e de Moçambique, foi concluída a dia 8 de Agosto.

Mas foi só ontem, domingo, 29 de Agosto, que o sacerdote conseguiu viajar até ao local. Numa mensagem enviada em exclusivo para a Fundação AIS em Lisboa, o padre Fonseca – que teve de envergar capacete militar e colete à prova de bala, sinal da insegurança que se vive ainda na região –, descreveu em breves palavras o choque que sentiu ao ver a Igreja praticamente reduzida a um monte de escombros.

“Ali ao fundo, era onde se encontrava o altar… É muita dor, é muita dor…” As primeiras imagens, recolhidas pela televisão de Moçambique, mostram uma vila fantasma, apenas povoada por soldados, num cenário de destruição quase total. Praticamente todas as infraestruturas foram arrasadas. Apenas algumas casas que terão sido ocupadas pelos terroristas escaparam à devastação. A Igreja, datada de 1954, é hoje um monte de ruínas.

O padre Fonseca fala em “imagens chocantes” e explica que os terroristas “vandalizaram e destruíram tudo no edifício paroquial de Mocímboa da Praia”. Uma igreja que representava muito para a população local. Diz o padre Fonseca que era também “um símbolo de amizade com os muçulmanos, um símbolo de diálogo, um símbolo de aproximação”.

Na mensagem enviada para a Fundação AIS, o padre Kwiriwi Fonseca lança um apelo e formula um desejo: “Que o terrorismo não acabe com os nossos sonhos, as nossas perspectivas e seja só aquilo que [já] aconteceu mas não o término de uma presença cristã na região de Mocímboa da Praia…”

Para isso, o padre Fonseca pede as orações e a solidariedade da comunidade cristã em todo o mundo para que a reconstrução do templo possa realizar-se logo que a diocese entenda haver condições de segurança para o regresso à actividade paroquial. “Gostaríamos que nos acompanhassem com as vossas orações e com o vosso apoio, com a vossa forma bastante rica de olhar pelas igrejas que sofrem, e encontrassem benfeitores e pessoas motivadas para a reconstrução do símbolo do que é a igreja nesta região.”

A situação em Mocímboa da Praia e na região de Cabo Delgado é considerada prioritária para a Fundação AIS que já em Março deste ano fez avançar uma ajuda de emergência no valor de 160 mil euros para o apoio às populações deslocadas.

Desde o início dos ataques, no final de 2017, por parte de grupos armados que têm vindo a reivindicar pertencer ao Daesh, os terroristas do Estado Islâmico, calcula-se que haverá já mais de três mil mortos e mais também de 800 mil deslocados, segundo dados das autoridades moçambicanas.

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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