Dia 13 de Julho, a Igreja Católica fez chegar uma carta ao presidente do Sri Lanka pedindo-lhe para investigar rumores de eventuais ligações entre funcionários dos serviços secretos do país e os autores dos atentados terroristas de Domingo de Páscoa de 2019. Três dias depois, na sexta-feira, 16 de Julho, o presidente Gotabaya Rajapaksa ordenou essa investigação.

A suspeita é de enorme gravidade. Em causa está o possível envolvimento de agentes do próprio Estado nos atentados bombistas que ceifaram as vidas de 269 pessoas em ataques suicidas em três igrejas e três hotéis. Desde o princípio que as suspeitas dos ataques têm recaído em dois grupos muçulmanos locais, que alegadamente terão declarado lealdade ao Daesh, o Estado Islâmico.

Na carta enviada a Rajapaksa, o Comité criado para dar assistência às famílias das vítimas – e que é liderado pelo Cardeal Malcolm Randjith –, exorta-o a tomar medidas legais contra o ex-presidente Maithripala Sirisena, que era o Chefe de Estado na altura dos atentados, conforme foi já recomendado no relatório mandado instaurar após os ataques.

O governo de Sirisena foi fortemente criticado por não ter agido de acordo com as informações recebidas pelos serviços secretos de alguns países e que apontavam para a iminência de um atentado terrorista. O Comité da Igreja pediu também que o antigo primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, fosse investigado pela forma como as autoridades lidaram com a ameaça do “extremismo islâmico”.

De facto, nas conclusões da comissão criada para apuramento das responsabilidades dos atentados, depois de terem sido ouvidas mais de quatro centenas de testemunhas, afirma-se que o procurador-geral do Sri Lanka deveria considerar a possibilidade de “instaurar um processo-crime contra o [ex-presidente] Sirisena”, ao abrigo da legislação em vigor no país. O inspector-geral da polícia também poderá vir a ser processado por negligência.

A Igreja tem exigido desde o primeiro momento também o apuramento total das responsabilidades. Em Março do ano passado, o Cardeal Malcolm Ranjith afirmava que a Igreja estava até na disposição de promover manifestações de rua se as autoridades não assumissem todas as responsabilidades relacionadas com os mortíferos atentados bombistas da Páscoa de 2019.

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Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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