Perdemos um defensor destemido dos pobres e um sacerdote católico inspirador.” Foi assim que Thomas Heine-Geldern, o presidente executivo internacional da Fundação AIS comentou a notícia do falecimento, ontem, do Padre Stan Swamy aos 84 anos, quando estava internado no hospital da Sagrada Família, em Bombaim.

O jesuíta era um símbolo da defesa dos direitos das comunidades tribais na Índia, nomeadamente os adivais. O seu estado de saúde vinha a deteriorar-se nas últimas semanas, depois de ter contraído na prisão o Covid19, o que levou as autoridades a autorizarem o seu internamento hospitalar a 28 de Maio, concedendo-lhe para isso uma “liberdade temporária”, mas negando-lhe, como reclamava, a libertação sob fiança. “É inimaginável o sofrimento por que passou nos últimos meses de vida”, disse ainda Thomas Heine-Geldern, num depoimento divulgado desde a sede internacional da Fundação AIS na Alemanha.

Acusado de terrorismo pelas autoridades, apesar do reconhecimento internacional do seu trabalho como activista dos direitos humanos nomeadamente dos povos indígenas, o Padre Swamy tinha sido detido a 8 de Outubro do ano passado e conduzido para a prisão de Taloya, tendo o seu estado clínico merecido desde o primeiro momento enorme preocupação por parte de amigos e familiares.

Desde que foi detido que se desencadeou um enorme protesto reunindo personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos a exigirem a sua libertação imediata. Foi o caso da Fundação AIS. “Sabemos, através dos nossos parceiros de projecto – explica Heine-Geldern – que muitas vezes são feitas falsas acusações” contra aqueles que assumem as defesas das populações tribais, “procurando a intimidação e o fim desse trabalho em nome das minorias étnicas e dos ‘dalits’, ou intocáveis.”

Já no início de Dezembro do ano passado, Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre fizera um apelo às autoridades indianas para a libertação do sacerdote jesuíta, sublinhando o seu trabalho exemplar ao longo “dos últimos 40 anos” com as tribos indígenas.

O responsável da Fundação AIS lembrou então, num comunicado também emitido desde a sede internacional da instituição, em Königstein, na Alemanha, que o “único crime” do Padre Stan havia sido o de “exigir justiça e denunciar os abusos” que estas populações tribais “sofreram na sua região”.

Heine-Geldern afirmou ainda que o caso deste sacerdote “é apenas a ponta do icebergue”, pois haverá “outros casos de padres e catequistas” que foram também “injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e de intimidar” os que têm trabalhado com as populações tribais.

A morte do Padre Stan vem dar relevo aos receios do crescimento de sectores que defendem o nacionalismo hindu na Índia. Uma tendência que vem referida no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação AIS, e que, lembra Thomas Heine-Geldern, “procura forçar outras religiões, como o cristianismo, a sair da Índia e a suprimir as vozes cristãs no país”.

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Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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