“Temos famílias nos subúrbios que não têm nada para viver. Muitos vieram do interior do país e chegaram aqui na esperança de encontrar comida na cidade. Mas aqui só encontram fome e desemprego. Para cúmulo, agora nem sequer têm uma horta para cultivar ou o rio para pescar.” Paolo Maria Braghini, um frade capuchinho italiano, descreve assim a situação dramática que se está a viver em Manaus, a capital do Estado do Amazonas no Brasil e um dos principais centros financeiros, industriais e económicos de toda a região norte.

A grande cidade tem mais de 2 milhões de habitantes e continua a atrair as populações da região que buscam aí uma vida menos dura. A pandemia do coronavírus veio complicar tudo. Os serviços de saúde estão em quase colapso e a vida está a ficar insustentável. Este é o cenário de missão dos frades Capuchinhos Franciscanos Menores. Frei Braghini conta à Fundação AIS como tem sido o dia-a-dia desta missão cada vez mais exigente junto de pessoas que estão também cada vez mais desesperadas. “No centro histórico de Manaus e nos seus subúrbios estamos a desenvolver um conjunto de actividades com as paróquias, incluindo cuidar dos sem-abrigo, prestar cuidados espirituais, ouvir confissões e também trabalhar em conjunto com equipas de leigos noutras partes da cidade.”

A Fundação AIS apoia esta comunidade religiosa através de estipêndios de missa. Uma ajuda que se revelou preciosa numa altura em que as receitas da igreja local diminuíram drasticamente por causa da pandemia do coronavírus que obrigou ao encerramento dos templos. Além da crise económica que tem estado a afectar cada vez mais famílias.

Perante a necessidade de auxiliar as populações mais fragilizadas, os frades capuchinhos decidiram avançar com um projecto local: apoiar as famílias com cabazes alimentares básicos durante alguns meses. “No meio de tanta pobreza, escolhemos certas localidades na periferia e, com a ajuda de líderes comunitários locais, identificámos as famílias mais carenciadas”, explica frei Paolo. Entre essas famílias estão as “mais numerosas e muito pobres”, mas também “viúvas, pessoas que sofrem de tuberculose e os desempregados” de longa duração. Pessoas, diz ainda o religiosa italiano, “que têm pouca esperança de que esta vida lhes dê uma nova oportunidade”.

Para poderem distribuir estes cabazes alimentares a Fundação AIS aprovou uma ajuda de emergência para esta comunidade religiosa. Uma decisão que mereceu uma resposta imediata por parte dos frades capuchinhos. “Amados benfeitores da AIS, em nome de todos os frades Capuchinhos do Amazonas e Roraima, e especialmente em nome das centenas de famílias que irão beneficiar [desta ajuda], quero agradecer-vos do fundo do coração. Neste momento extremamente difícil da pandemia, que está a afectar gravemente as famílias dos subúrbios mais pobres de Manaus e a transformar as suas vidas num drama de vida ou de morte, estes cestos de alimentos básicos são muito mais do que uma simples ajuda para afastar a fome – que já dói verdadeiramente. São um sinal de que Deus não abandonou estas pobres pessoas. Vocês, os benfeitores, converteram-se assim em instrumentos de providência divina e uma fonte vital de esperança.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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