Nesta quinta-feira, dia 13 de maio, faleceu a atriz Maria João Abreu.
A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, em nota de pesar enviada às redações, lamenta profundamente a morte da atriz Maria João Abreu (1964-2021), uma das intérpretes mais queridas pelo público português e uma figura inesquecível da televisão e dos palcos.
Natural de Lisboa, Maria João Abreu teve a sua estreia profissional em 1983 no Teatro Maria Matos, dirigida por Armando Cortez. Atriz destemida e versátil, capaz de nos surpreender e encantar em todos os registos, da revista ao experimental, pertence a um elenco restrito de atrizes que marcaram a história recente do teatro português, nomeadamente pelo empenho com que se dedicou na revitalização do teatro de revista.
Num percurso de mais de trinta anos, nos quais o seu trabalho televisivo nunca a impediu de marcar presença nos palcos, que assumia como a sua grande paixão, são inúmeros os papéis dos quais nos fica uma memória inapagável, como as suas interpretações em “As Presidentes” (1996), juntamente com Anna Paula e Irene Cruz, em “A Rainha do Ferro-Velho” (2004) ou, mais recentemente, em “Fenda” (2019). Nestes papéis, como em muitos outros, desenhava-se uma atriz sensível, multifacetada e inteligente, cujo talento e dedicação eram reconhecidos no modo como respondia aos textos aos quais se entregava.
Com um percurso profissional em permanente diálogo com os públicos mais diversos, muito através das suas participações televisivas, Maria João Abreu era um dos rostos e vozes mais reconhecidos pelo público português. Com o seu talento e com o empenho e exigência que colocava na construção das suas personagens, Maria João Abreu participou em alguns dos programas mais marcantes da história recente da televisão portuguesa, cujo sucesso é indissociável dos papéis que a atriz interpretava.
No cinema, trabalhou com Jorge Silva Melo, João Mário Grilo, António-Pedro ou Vicente Alves do Ó, entre outros, com destaque para o seu papel em “A Mãe É que Sabe” (2016), de Nuno Rocha, no papel de Ana Luísa, a mãe de uma família de classe média cujas memórias nos transportam para um retrato de Portugal ao longo de três décadas, incisivo e pleno de humor.
A cultura portuguesa perde hoje uma das suas atrizes mais marcantes, que sempre aceitou a sua popularidade não como um pedestal, mas como uma forma de constantemente se desafiar e de arriscar e inovar nos palcos. Maria João Abreu destacou-se também pelo seu lado humano, de mulher generosa e atenta às causas sociais às quais se dedicava com o mesmo empenho que colocava no seu trabalho e com a empatia que todos lhe reconheciam.
À família e amigos enviam-se sentidas condolências