Um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a que a Lusa teve acesso no dia 18 de março, revelou que nove em cada 10 portugueses aceitam aderir à vacina contra a covid-19.

Realizado entre os meses de dezembro e janeiro, o inquérito tinha como grande objetivo auscultar a população portuguesa sobre a aceitação e adesão relativamente à terapêutica que pode ajudar a pôr um fim na atual pandemia.

Entre as quase três mil respostas recebidas ao inquérito ‘online’, 91% das pessoas expressaram a vontade em serem vacinadas contra o vírus SARS-CoV-2.

Apesar dos resultados “potencialmente animadores”, os investigadores da FMUP e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde alertam para o facto de os indivíduos com menor nível de escolaridade revelarem maior preocupação com a toma da vacina, bem como dos possíveis efeitos secundários, ou seja, em maior risco de não aceitarem ser vacinados.

De acordo com a investigadora e uma das autoras do estudo Rute Sampaio, “apesar de não existir uma fórmula mágica, é de extrema importância que se adapte as mensagens de saúde pública às diferentes características da população”, porque “a eficácia da vacina para se alcançar uma imunização das comunidades está muito dependente da opinião pública e da confiança das pessoas em aderirem a esta terapêutica”.

Segundo os investigadores, os resultados mostram que não é por as pessoas se considerarem extremamente bem informadas sobre a doença que aceitam mais a vacina.

“Isto pode estar relacionado com uma menor perceção do risco sobre a covid-19 por parte da população, mas também nos pode remeter para as fontes de informação que as pessoas recorrem para compreender a situação pandémica serem as que condizem com as suas perceções”, esclarecem.

Ainda no mesmo estudo, os dados revelam também que as mulheres consideram que a pandemia tem afetado mais as suas vidas, estão mais preocupadas em serem infetadas e sentem-se mais abaladas emocionalmente com a situação pandémica.

A segunda fase do processo de vacinação contra a covid-19 vai ficar marcada pela ativação de centros de vacinação rápida, farmácias e um novo ‘website’ para autoagendamento, revelou o coordenador da ‘task force’.

Em entrevista à agência Lusa, o vice-almirante Gouveia e Melo diz que está já prevista para abril, quando se iniciar a segunda fase, a criação de postos de vacinação rápida ou massiva e o lançamento de uma nova página de Internet, ficando as farmácias reservadas para quando se detetarem limitações no sistema de administração de vacinas perante a maior disponibilidade esperada no segundo trimestre.

O coordenador da ‘task force’ responsável pelo plano de vacinação explica que o processo de diálogo entre autarquias, Administrações Regionais de Saúde (ARS) e Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) já existe e esteve apenas “em pausa” para evitar “falsas expectativas” face à escassez de vacinas disponíveis nesta primeira fase.

Com uma média de cerca de 23 mil inoculações diárias, o processo tem assentado na comunicação com os cidadãos por SMS, os quais registam uma taxa de sucesso de marcações entre os 50 e os 54%. Os restantes utentes são alcançados através de marcações diretas pelos centros de saúde, com o apoio das autarquias, sublinhou Henrique Gouveia e Melo.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.671.720 mortos no mundo, resultantes de mais de 120,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

FONTE: AGÊNCIA LUSA

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